O primeiro ano de alistamento feminino nas Forças Armadas teve 33.721 inscrições. Os dados revelados pelo Ministério da Defesa nesta terça-feira destacam que um quarto delas está concentrada no Rio de Janeiro (8.102) — estado na liderança do ranking. Antes impedidas de fazer o alistamento no ano em que completam a maioridade, as jovens podem — de maneira voluntária — demonstrar formalmente o desejo de prestar o serviço militar, obrigatório aos homens quando completam 18 anos. Após o alistamento, o recrutamento contará com mais quatro etapas: seleção geral, seleção complementar, designação/distribuição e incorporação.
O público masculino, por sua vez, somou 1.029.323, sendo o maior número de alistados na 2ª Região Militar, no estado de São Paulo, com 271.589.
Somente nos primeiros sete dias de janeiro, semana em que iniciaram as inscrições para as Forças Armadas, mais de 15 mil jovens mulheres que completam 18 anos em 2025 já haviam se alistado voluntariamente na esperança de serem convocadas. O número já era dez vezes maior que a quantidade de vagas disponíveis — são 1.465 vagas em Brasília (DF) e em outros 28 municípios de 13 estados.
Até o ano passado, as brasileiras só podiam entrar para as Forças Armadas por meio de concurso para suboficiais e oficiais. São apenas 37 mil mulheres nas três Forças, representando 10% do efetivo. Hoje, elas atuam principalmente nas áreas de saúde, ensino e logística ou têm acesso à área combatente por meio de concursos públicos específicos em estabelecimentos de ensino.
Neste ano, ao todo, são ofertadas 1.010 vagas para o Exército, 300 para a Força Aérea e 155 para a Marinha. As mulheres poderão escolher em qual delas desejam atuar, e a opção será avaliada durante o processo de acordo com o perfil e local de atuação de cada candidata.
As selecionadas serão incorporadas no primeiro ou segundo semestre de 2026 (de 2 a 6 de março ou de 3 a 7 de agosto), ocupando a graduação de soldado ou marinheiro-recruta, no caso da Marinha. Essa é a etapa limite em que as militares ainda podem manifestar o desejo pela desistência.
Em janeiro, o Ministério da Defesa informou que só irá recrutar mulheres para quartéis que já tenham capacidade de recebê-las, com quartos, banheiros e políticas adaptados para esse público. Com investimento de cerca de R$ 2 milhões no próximo ano, a ideia também é inserir equipamentos de identificação facial e mais câmeras de segurança nos alojamentos, a fim de coibir casos de abuso e assédio sexual.
Em relação aos materiais de combate, mochilas e coletes serão ajustados com base na estatura das soldadas. Essas medidas já são seguidas pela Marinha e implementadas em instalações como a do Centro de Instrução Almirante Milcíades Portela Alves, o Ciampa, em Campo Grande, na Zona Oeste do Rio.
— Hoje nós desenvolvemos palestras de prevenção junto às organizações militares. Estamos investindo ainda um pouco mais nos canais de ouvidoria para recebimento de denúncias e, especialmente, nos espaços de acolhimento, promovidos por profissionais de serviço social e de psicologia — pontuou a capitã de mar e guerra Eliane Rocha.
Os critérios para inscrição
- Ter 18 anos completos em 2025 (nascidas em 2007);
- Residir em um dos municípios contemplados com vagas;
- Apresentar certidão de nascimento ou prova de naturalização;
- Ter comprovante de residência e documento oficial com foto (como identidade ou carteira de trabalho).
Cidades com vagas em 2025
- Águas Lindas de Goiás (GO)
- Belém (PA)
- Belo Horizonte (MG)
- Brasília (DF)
- Campo Grande (MS)
- Canoas (RS)
- Cidade Ocidental (GO)
- Corumbá (MS)
- Curitiba (PR)
- Florianópolis (SC)
- Formosa (GO)
- Fortaleza (CE)
- Guaratinguetá (SP)
- Juiz de Fora (MG)
- Ladário (MS)
- Lagoa Santa (MG)
- Luziânia (GO)
- Manaus (AM)
- Novo Gama (GO)
- Pirassununga (SP)
- Planaltina (GO)
- Porto Alegre (RS)
- Recife (PE)
- Rio de Janeiro (RJ)
- Salvador (BA)
- Santa Maria (RS)
- Santo Antônio do Descoberto (GO)
- São Paulo (SP)
- Valparaíso de Goiás (GO)
O Globo