Hugo à CNN: Congresso discordar do IOF não é rompimento com governo

Ministro do Supremo Tribunal Federal, Alexandre de Moraes, convocou audiência de conciliação sobre o tema com os dois Poderes

Em entrevista à CNN, o presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), defendeu que não é porque o Congresso discordou do governo e decidiu derrubar o decreto que aumentava do Imposto Sobre Operações Financeiras (IOF), que os dois Poderes romperam relação.

“Discordar desse ponto do IOF não representa um rompimento com o governo, não representa um rompimento com a equipe econômica, porque é apenas uma decisão do Parlamento, do Congresso Nacional, de não concordar com mais aumento de impostos, é isso que nós deixamos claro e estamos dessa forma colocando que a nossa posição é sentar à mesa, buscar alternativas, encontrarmos aquilo que tem viabilidade política e juntamente com o Executivo apresentar uma solução”, afirmou nesta sexta-feira (04).

Hugo também disse que buscará ouvir líderes partidários em busca de alternativas para apresentar na reunião de conciliação marcada pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, no próximo dia 15 de julho.

Mais cedo, ele havia afirmado que a determinação do ministro estava “em sintonia” com o desejo dos parlamentares na Câmara. Entretanto, apesar de ser a favor da decisão, afirmou que o cenário político brasileiro não precisa de “guerra” com o governo petista.

“Não é criar um ‘nós contra eles’, não é criar uma polarização social. O que o país precisa nesse momento é serenidade, é entender cada um a sua responsabilidade e, ao final, construirmos uma solução”.

Ao defender que a tese de que o Congresso não está rompendo com o governo, Hugo explicou que outras medidas parceiras já foram feitas entre eles.

“É importante registrar que o Congresso foi parceiro de praticamente todas as medidas que o governo enviou até então à Câmara dos Deputados e ao Senado Federal”, afirmou.

Ele ainda ressaltou que o impasse do IOF não teve “vencedores e perdedores, e que não há “cabo de guerra” entre os Poderes.

“Não há cabo de guerra, não há vencedor e vencidos nessa guerra. O que nós temos é que cuidar do país, é poder melhorar a situação e entregar a nossa população”, explicou.

O presidente da Câmara finalizou a entrevista dizendo que pretende conversar com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para avançar nas tratativas e encontrar uma solução viável para o caso do IOF.

“Eu não tenho a menor dúvida que nós sentaremos à mesa com o melhor dos sentimentos, com o melhor dos espíritos, para encontrar uma saída para esse problema. Eu tenho muita esperança e sempre acreditei na política feita através do diálogo. E mais uma vez, o diálogo será a grande ferramenta pra se construir uma solução pra esse problema”, concluiu.

Américo Martins e Manoela Carlucci, da CNN, Yasmin Silvestre, da CNN*, Lisboa e São Paulo