Durante a abertura do Fórum Empresarial do Brics neste sábado 5, no Rio de Janeiro, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) defendeu a criação de uma “governança multilateral” para o desenvolvimento e uso da inteligência artificial. O evento antecede a cúpula de líderes do grupo formado por Brasil, Rússia, Índia, China, África do Sul e outros países que passaram a integrar o bloco.
Segundo Lula, a ausência de diretrizes coletivamente acordadas pode levar à imposição de modelos desenvolvidos por grandes empresas de tecnologia. “Na ausência de diretrizes claras coletivamente acordadas, os modelos gerados com base apenas na experiência de grandes empresas de tecnologia vão se impor. Os riscos e efeitos colaterais da inteligência artificial demandam uma governança multilateral”, afirmou.
A presidência brasileira do Brics tem incluído a discussão sobre IA como uma das prioridades. A proposta do governo é que os países do bloco construam padrões comuns, com critérios mínimos de transparência e segurança para o uso da tecnologia.
Lula destacou que o avanço da inteligência artificial traz possibilidades impensáveis até poucos anos atrás, mas advertiu sobre os riscos de uma adoção desregulada da tecnologia. A preocupação, segundo o presidente, é que o uso de IA sem regulamentação leve a assimetrias tecnológicas e econômicas entre países e setores.
Durante o discurso no fórum, que reuniu empresários e representantes dos países do Brics, Lula reforçou sua defesa por um multilateralismo mais forte como resposta a crises econômicas globais. “Diante do ressurgimento do protecionismo, cabe às nações emergentes defender o regime multilateral de comércio e reformar a arquitetura financeira internacional. O Brics segue como fiador de um futuro promissor”, declarou.
O presidente afirmou ainda que os países do bloco têm potencial para desenvolver um “novo modelo de desenvolvimento”, que integre práticas sustentáveis. Ele mencionou a agricultura sustentável, indústria verde, bioeconomia e infraestrutura resiliente como eixos dessa proposta.
No mesmo discurso, Lula elogiou a atuação do setor privado e afirmou que os empresários são os responsáveis por movimentar a economia. “Os governos abrem portas, mas são os empresários que sabem fazer negócio”, disse.
O presidente também incentivou a participação feminina na política e na economia. “O lugar que vocês almejam na participação política, empresarial e na participação de qualquer coisa que vocês quiserem fazer depende única e exclusivamente de vocês, da ousadia de vocês. Não esperem que nós, homens, sejamos os autores das conquistas de vocês”, afirmou.
Ao longo do dia, Lula também tem reuniões previstas com representantes de países como Etiópia, Vietnã, Nigéria, Abu Dhabi e com o primeiro-ministro da China, Li Qiang.
Por G1