Novo método permite diagnóstico de câncer em crianças em apenas 24 horas; saiba como funciona
Um método desenvolvido no Rio de Janeiro está ajudando a salvar vidas de crianças com câncer ao reduzir drasticamente o tempo de diagnóstico. Criada no Instituto de Puericultura e Pediatria Martagão Gesteira (IPPMG), da UFRJ, a técnica permite identificar tumores sólidos pediátricos em apenas um dia, enquanto o processo tradicional pode levar até 20 dias.
A inovação, baseada na citometria de fluxo, foi patenteada em 2020 e já é aplicada em sete países. No Brasil, o método atende principalmente pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS). Segundo Elaine Sobral Costa, coordenadora do Núcleo Transdisciplinar de Investigação em Saúde da Criança e do Adolescente, o resultado do exame fica pronto em até 24 horas após a cirurgia, agilizando o início do tratamento.
O núcleo integra o Complexo Hospitalar da UFRJ, administrado pela Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh). Além do diagnóstico rápido de tumores, a equipe realiza exames de alta complexidade, como cariótipos e testes genéticos que auxiliam na identificação de doenças raras.
De acordo com o hospital, após a cirurgia, o fragmento do tumor é enviado em gelo ao laboratório. A equipe trabalha em regime de plantão, muitas vezes concluindo as análises durante a madrugada. O painel de anticorpos utilizado é definido conforme a localização do tumor e os exames prévios do paciente.
Nossa produção entrou em contato com a chefe de Comunicação do Complexo da Hospitalar da UFRJ, gerido pela Ebserh, do Rio de Janeiro, Eliana Teixeira, que nos informou que o método também está implantado e em uso rotineiro no Hospital da Criança de Brasília.
“Além disso, há um projeto submetido ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) propondo a criação de uma rede com participação de centros de Curitiba, Recife, Natal, Brasília e Rio de Janeiro, mas o resultado da proposta ainda não foi divulgado”, disse Eliana.
Até o momento, o método só é aplicado em algumas unidades no Rio de Janeiro e em Brasília.
O trabalho ganhou destaque em publicações científicas, incluindo a revista Cancers. O núcleo também integra o EuroFlow Consortium, grupo que reúne centros de pesquisa europeus. Em abril, o IPPMG sediou o 4º Workshop EuroFlow Educacional Brasileiro, que reuniu especialistas internacionais no Rio.
Por Ana Bezerra
Via certa