Sugestões foram apresentadas pela governadora do RN na reunião do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social
A governadora do Rio Grande do Norte, Fátima Bezerra (PT), defendeu nesta terça-feira 5 a adoção de medidas excepcionais para socorrer empresas atingidas pelo tarifaço imposto pelo governo dos Estados Unidos. A partir desta quarta-feira 6, produtos brasileiros serão taxados em 50% pela gestão de Donald Trump, o que vai inviabilizar este mercado para centenas de setores.
Fátima sugeriu a abertura de linhas de crédito específicas para esses exportadoras. Além disso, propôs que o poder público compre produtos que não poderão mais ser exportados.
“Nós, governadores do Nordeste, nos colocamos à disposição do governo federal para enfrentar a situação e, se necessário, adotar ações emergenciais para apoiar os exportadores, incluindo crédito e compras governamentais”, afirmou a governadora.
Fátima Bezerra fez a declaração ao participar da reunião do Conselho de Desenvolvimento Econômico Social Sustentável da Presidência da República, em Brasília. O encontro do chamado Conselhão teve a participação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), do vice Geraldo Alckmin (PSB) e demais autoridades.
A governadora destacou que o RN e os demais estados da região Nordeste serão mais atingidos nos setores da fruticultura, pescado, mel, sal e minérios. “Em nossa região, esses segmentos são muito importantes para a economia e empregam muita gente. Precisamos de medidas que possam excluir a ameaça de desemprego e garantir o sustento de milhares de trabalhadores, suas famílias e empresas. Medidas que permitam expandir e diversificar a inserção internacional dos produtos potiguares e nordestinos”, disse Fátima Bezerra.
Presidente do Consórcio Nordeste, o governador do Piauí, Rafael Fonteles (PT), reforçou a necessidade de buscar saídas para o tarifaço e a união dos governadores dos estados do Nordeste em apoio ao Governo Federal.
Em seu discurso, Luiz Inácio Lula da Silva falou sobre um plano de contingência para proteger os trabalhadores e empresas brasileiras. “Vamos recorrer a todas as medidas cabíveis para defender nossos interesses. Já atuávamos para fortalecer nosso comércio exterior, desde 2023 voltamos a nos relacionar com o mundo, com países de todas as religiões, credos e origens, abrimos novos mercados. Seguiremos independentes, com liberdade para negociar com todos. O Conselho de Desenvolvimento Econômico Social Sustentável é a cara do povo brasileiro que constrói nossa realidade de forma compartilhada com todos os segmentos da sociedade para criar um país rico e sustentável, um mundo de paz, mais solidário e menos desigual, livre das crises ambiental e climática”, disse Lula.
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse que o governo federal está dando a atenção necessária à medida do governo dos EUA que desconhece 200 anos de boas relações entre os dois países. Haddad registrou a importância do Conselhão para a economia. E afirmou que foram elaborados cinco projetos de lei para serem votados no Congresso tratando da política de crédito e financiamento. Citou também a reforma tributária e a transformação digital.
“O Brasil é grande demais para ser colônia ou satélite de alguém. Na transformação ecológica vamos produzir aqui painéis solares, baterias, equipamentos para energia limpa. Somos amigos de todos os países do mundo e queremos mais parcerias concretas e com benefícios mútuos, diferente do tarifaço. Acreditamos no multilateralismo e na soberania nacional”.
‘Não vou ligar para o Trump para conversar, porque ele não quer’, diz Lula
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou nesta terça-feira que o Brasil merece respeito e criticou a postura do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ao anunciar novas taxações contra o País.
“O presidente americano não tinha direito de anunciar taxações como anunciou ao Brasil”, disse durante abertura da 5ª Reunião Plenária do Conselho de Desenvolvimento Econômico Social Sustentável (CDESS), o Conselhão, no Palácio Itamaraty.
Segundo Lula, Trump poderia ter ligado a ele ou ao vice-presidente Geraldo Alckmin (PB), já que haveria disposição para diálogo. Ele acrescentou ainda que a medida não se trata de uma questão política, mas sim eleitoral.
O presidente reforçou que o Brasil merece respeito no cenário internacional e destacou seu papel como exemplo de País negociador. “Tem gente que acha que a gente é vira lata, tem gente que não gosta de se respeitar. E ninguém pode dizer que tem um governo que gosta mais de negociar do que nós. Eu nasci na vida política negociando […] nesse mundo, ninguém me dá lição de negociação”, afirmou, ao reiterar que já lidou com vários magnatas.
Ele criticou a ausência de figuras nacionalistas no País e emendou que, hoje, os empresários são mais mercantilistas. O presidente voltou a afirmar que o Brasil não pode depender de um único país e reiterou que está cansado de ser tratado como pertencente ao Terceiro Mundo.
O ministro das Relações Internacionais, Mauro Vieira, disse que o Itamaraty continua mobilizado contra o tarifaço imposto pelos EUA ao Brasil e que o governo está coordenando uma resposta a ser apresentada até o dia 18 de agosto.
“Sobre a investida da Seção 301 da Lei de Comércio norte-americana, que questiona o nosso Pix e outras práticas brasileiras absolutamente legítimas, gostaria de informar que o Itamaraty está condenando a preparação da resposta a ser apresentada pelo governo brasileiro no próximo dia 18 de agosto”, afirmou o ministro na abertura da 5ª Reunião Plenária do Conselho de Desenvolvimento Econômico Social Sustentável (CDESS), o Conselhão, no Palácio Itamaraty.
“O Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social sustentável agrega talentos, experiência e articulação. Representa a independência, a força e o dinamismo do povo brasileiro. Será, não tenho dúvidas, instância estratégica no amplo esforço de defesa da economia nacional e do direito soberano do Brasil de definir o seu próprio destino”, afirmou.
por Agora RN