Tarifaço começa a valer sem plano de socorro do governo às empresas

Haddad disse que plano está pronto e irá à validação do Palácio do Planalto ainda nesta quarta-feira (6)

A tarifa de 50% imposta pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, contra o Brasil começa a valer nesta quarta-feira (6), sem o governo federal ter apresentado um “plano de contingência” para apoiar empresas exportadoras afetadas — o que leva a reclamações de setores da economia.

Empresários que se reuniram com ministros do governo na última segunda-feira (4) esperavam a apresentação do plano de socorro e relataram “frustração” com o teor do encontro. Cerca de 35,9% das exportações brasileiras já estão sujeitas às taxas, que em alguns setores inviabiliza as vendas.

Um dos setores insatisfeitos é o da pesca. Eduardo Lobo, presidente da Abipesca (Associação Brasileira das Indústrias de Pescados), disse à CNN que — além de faltar sinalização do governo sobre uma data para o socorro —, as medidas ventiladas na reunião atenderiam o segmentos somente no médio e longo prazo.

Parte dos executivos deixaram a reunião com a percepção de que as negociações diplomáticas foram de fato destravadas, mas avaliam que a expansão da lista de exceções ou redução da alíquota de 50% não será imediata. Também por isso, reclamam da alegada demora.

Segundo apuração da CNN, industriais também elevam o tom de cobrança para que as medidas sejam apresentadas. Há uma semana a CNI (Confederação Nacional da Indústria) levou ao governo uma lista de oito ações que poderiam ajudar os setores da economia.

Na manhã desta quarta-feira, na portaria do Ministério da Fazenda, Fernando Haddad disse que o texto do plano “está pronto” e irá ainda hoje para o Palácio do Planalto. A partir daí, dependerá do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Ele será o responsável por definir o que sairá do papel.

Haddad sinalizou que as ações devem ser viabilizadas via medida provisória (MP). Também confirmou que fazem parte do cardápio de medidas a concessão de crédito às empresas impactadas e o aumento das compras governamentais.

Setores fazem sugestões

O governo realizou um longo processo de “ouvidoria” e recebeu sugestões de medidas a serem adotadas como socorro. Dentre as pedidas da CNI, por exemplo, apareceu o adiamento, por 120 dias, de pagamento de todos os tributos federais, incluindo as contribuições previdenciárias.

A relação de medidas contém também uma linha de financiamento do BNDES (Banco Nacional do Desenvolvimento Social) com juros mais baixos, entre 1% e 4% ao ano, para capital de giro de empresas que tiverem suas exportações impactadas.

Outros dois pedidos vem sendo recorrentes. Primeiro: os empresários querem prazos mais confortáveis para ACCs (adiantamentos de contrato de câmbio). A modalidade é muito usada por empresas que exportam com regularidade. São adiantamentos do valor negociado a fim de que essas companhias tenham capital de giro suficiente para rodar sua produção e entregar as mercadorias vendidas.

A segunda é diz respeito ao Reintegra, regime especial que devolve, parcial ou totalmente, o resíduo tributário de empresas exportadoras. Recentemente, para micro e pequenas empresas, a alíquota foi elevada para 3% sobre o valor exportado. A pedida é de que o benefício seja expandido a todas as empresas afetadas pelas tarifas.

por CNN

Confira as prioridades do Congresso na volta do recesso parlamentar

Os deputados e senadores brasileiros voltam do recesso parlamentar nesta terça-feira (5) com previsão de votar, neste segundo semestre, entre outras pautas, a isenção do Imposto de Renda (IR) para quem ganha até R$ 5 mil; a taxação das bets e de títulos de investimentos isentos; e a cassação da deputada Carla Zambelli (PL-SP), condenada a 10 anos de prisão pela invasão ao sistema eletrônico do Conselho Nacional de Justiça (CNJ).

Também deve ser destaque neste semestre a votação da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) de 2026, que define as prioridades do orçamento do próximo ano, e que já deveria ter sido enviada à sanção em julho, segundo define a Constituição.

A Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da Segurança Pública, de origem do Executivo, também deve ocupar os parlamentares. Aprovada na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), a PEC aguarda instalação da Comissão Especial.

Outras prioridades são o projeto para regulação da Inteligência Artificial (IA), em tramitação na Câmara; e a Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) da fraude do INSS, já autorizada pelo presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP).

Também devem ser destaque o projeto de novo código eleitoral, em tramitação no Senado; e a Medida Provisória (MP) do setor elétrico, que regula a produção, distribuição e comercialização da energia no país e prevê isenção das conta para famílias que consomem até 80 quilowatts-hora (kWh) por mês, o pode beneficiar até 60 milhões de pessoas, segundo cálculos do governo.

Isenção do IR
Proposta de campanha do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a isenção do IR e ampliação das faixas é uma das principais prioridades do governo e do Parlamento para este segundo semestre.

O Projeto de Lei (PL) 1.087/2025 foi aprovado em julho em comissão especial e está pronto para ir ao plenário da Câmara. A proposta prevê isenção do Imposto sobre a Renda da Pessoa Física (IRPF) para quem ganha até R$ 5 mil mensais e reduz parcialmente o imposto para aqueles que recebem até R$ 7 mil.

Os deputados aprovaram o parecer do relator, Arthur Lira (PP-AL), que, entre outros pontos, ampliou de R$ 7 mil para R$ 7.350,00 o valor para a redução parcial do imposto.

Para compensar a perda de arrecadação de impostos com a isenção, o projeto prevê a cobrança de uma alíquota extra progressiva de até 10% para quem ganha acima de R$ 600 mil por ano, ou R$ 50 mil por mês. A alíquota máxima, de 10%, passará a ser cobrada das pessoas que ganham a partir de R$ 1,2 milhão por ano.

MP ‘BBB’
Umas das votações importantes para o governo é a da MP 1.303/2025, que prevê o aumento da taxação das empresas de apostas on-line, as chamadas bets, e a tributação de títulos de investimentos hoje isentos, como a Letra de Crédito Agropecuário (LCA).

Em convenção do PT neste domingo (3), a ministra das relações institucionais, Gleisi Hoffman, destacou que essa é uma prioridade, junto com o projeto de isenção do IR.

“Não é possível que os muito ricos não paguem imposto neste país, e que o imposto recaia sobre a classe trabalhadora. Nós temos que taxar bancos, bilionários e as bets [BBB]. Essa gente não pode continuar ganhando dinheiro e não contribuindo com a riqueza do Brasil”, afirmou a ministra.

Na próxima quarta-feira (6), o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, será ouvido sobre o tema na Comissão Mista criada para analisar a MP 1.303.

Cassações
Além disso, o Partido dos Trabalhadores (PT) informou que vai pressionar pela cassação do deputado licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), que articulou, nos Estados Unidos (EUA), as sanções contra a economia brasileira. Ele é investigado por obstrução à Justiça em relação ao processo que investiga a tentativa de golpe de Estado pós eleição de 2022.

Outro parlamentar que pode perder o mandato neste semestre é o deputado Glauber Braga (PSOL-RJ), que teve a cassação aprovada pelo Conselho de Ética da Câmara. A decisão precisa ser confirmada no Plenário.

Ele é acusado de quebra de decoro por expulsar da Câmara, aos pontapés, um militante de extrema-direita que o provocava. Glauber chegou a fazer greve de fome contra o processo contra ele.

Anistia e STF
Por outro lado, a oposição promete priorizar, neste semestre, o projeto de lei que anistia os condenados por tentativa de golpe pelo Supremo Tribunal Federal (STF) e outras medidas que limitam as ações do STF, como o projeto que reduz o alcance das decisões individuais de ministros e o que reduz os partidos que podem questionar no Supremo as decisões do Legislativo, medida essa que tem o apoio do presidente do Senado, Davi Alcolumbre.

Mineração em terras indígenas
Outra pauta que pode avançar no Congresso, ainda neste ano, é a que autoriza a mineração em terras indígenas. Alcolumbre criou, em abril, grupo de trabalho (GT) para apresentar, até final de outubro, proposta para regular mineração em territórios indígenas.

Já em agosto, a Comissão de Direitos Humanos (CDH) do Senado prevê votar projeto que autoriza garimpo em terras indígenas, sob a relatoria da senadora Damares Alves (Republicanos-DF).

Reforma administrativa
A reforma administrativa é outro debate que pode ter avanços em sua tramitação no Congresso Nacional. No primeiro semestre, o presidente da Câmara, deputado Hugo Motta (Republicanos-PB), criou GT para elaborar proposta de mudanças no regime do funcionalismo público do país, sob a relatoria do deputado Pedro Paulo (PSD-RJ).

Por Agência Brasil

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Comércio do Brasil é o mais vulnerável a colapso da OMC, aponta estudo

Um estudo realizado pela consultoria Oxford Economics, a pedido da ICC (Câmara de Comércio Internacional), mostra que o Brasil pode ser um dos países mais prejudicados pelo colapso total da OMC (Organização Mundial do Comércio), que atua como um balizador do comércio internacional.

Segundo o relatório, que foi realizado antes da onda de tarifas impostas pelo presidente americano Donald Trump e que traçou cenários em um mundo sem a atuação da OMC, o Brasil seria o mais vulnerável entre dez países em desenvolvimento analisados, podendo sofrer impactos substanciais nas exportações de “produtos não energéticos”, como alimentos e matérias-primas, ou seja, tudo aquilo que não envolva petróleo e seus derivados.

O documento alerta que o Brasil teria muito a perder com essa situação, porque o país depende das regras multilaterais para conseguir competir no comércio internacional, especialmente no setor agrícola. Se essas regras passarem a ser substituídas por disputas diretas entre países, como está ocorrendo neste momento com as ameaças e imposições do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, a tendência é de que o Brasil saia perdendo, ao menos no curto prazo.

O estudo destaca que quase metade das exportações brasileiras vem de produtos agrícolas —como soja, carne bovina e açúcar— que são muito sensíveis a barreiras comerciais. Sem a OMC, esses produtos podem enfrentar taxas mais altas ou exigências sanitárias difíceis de cumprir, dificultando sua entrada em outros mercados.

“Tal projeção decorreria de três fragilidades interconectadas. Em primeiro lugar, a pauta exportadora nacional tem elevada dependência de commodities agrícolas (49% das exportações não energéticas). Ademais, produtos como soja, carne bovina e açúcar, que já são altamente protegidos, enfrentariam barreiras tarifárias e não tarifárias generalizadas”, afirma o relatório.

Outra dificuldade apontada diz respeito à limitada integração do Brasil com cadeias de valor internacionais, apesar das movimentações que envolvem o Mercosul, União Europeia e Brics.

A análise incluiu dez países em desenvolvimento: Brasil, Guatemala, Egito, Vietnã, Indonésia, Camarões, Turquia, África do Sul, China e Índia. Em um cenário sem OMC, estima-se que o comércio de bens desses países cairia em média 33%, com impactos ainda maiores nas nações de baixa renda, onde as exportações poderiam despencar até 43%.

As perdas no PIB (Produto Interno Bruto) de longo prazo variariam entre 3% e 6%, refletindo tanto a queda no comércio como no investimento estrangeiro direto, que também se reduziria entre 3% e 6%.

“Conforme a modelagem apresentada, o Brasil sofreria contração de aproximadamente 45% de suas exportações de bens não energéticos no longo prazo —o impacto mais acentuado dentre todas as economias estudadas”, aponta o relatório.

Na semana passada, em discurso durante reunião na OMC, o Brasil criticou indiretamente as tarifas impostas por Donald Trump e disse que está em curso um “ataque sem precedentes” ao sistema multilateral de comércio.

Hoje a OMC vive uma situação de impasse institucional e esvaziamento, principalmente por conta do bloqueio prolongado ao seu sistema de solução de controvérsias. Desde 2019, o órgão de apelação da OMC, que julga disputas comerciais entre países, está inoperante, porque os Estados Unidos seguem bloqueando a nomeação de novos juízes desse órgão. Isso criou um vácuo no sistema de resolução de disputas, travando o processo.

Por Folhapress

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Banco do Brasil perde R$ 7,7 bi em valor de mercado em 1 dia

O BB (Banco do Brasil) registrou nesta sexta-feira (1º) uma perda de R$ 7,7 bilhões em valor de mercado. As ações ordinárias (BBAS3) recuaram 6,85% no fechamento –estão cotadas a R$ 18,35 cada.

A instituição encerrou a semana com valor de R$ 104,75 bilhões. É o menor patamar desde 16 de janeiro de 2023, quando o banco era avaliado em R$ 101,62 bilhões. Os dados são de Einar Rivero, da consultoria Elos Ayta.

Trata-se da maior desvalorização diária em 2 anos. O pico do valor de mercado do BB se deu em 6 de fevereiro de 2024, quando o banco era avaliado em R$ 170,09 bilhões. De lá para cá, houve uma queda acumulada de R$ 65,34 bilhões.

“O recuo das ações do Banco do Brasil nesta semana acende um sinal de alerta sobre a confiança do mercado em relação à instituição, e, em sentido mais amplo, ao setor bancário tradicional. O retorno ao nível de valor de mercado observado no início de 2023 mostra que o banco está, aos olhos do mercado, praticamente no ponto de partida após quase dois anos de volatilidade”, afirma Einar.

Analistas do mercado financeiro projetam ganhos mais modestos para o Banco do Brasil no 2º trimestre de 2025. O BTG Pactual publicou um relatório nesta 6ª feira (1º.ago) em que revisou para baixo em 23% o lucro líquido que o BB terá –agora, estima R$ 5 bilhões.

Por Poder 360

Haddad quer falar com secretário americano antes de Lula ligar para Trump

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou nesta sexta-feira (1º) que pretende conversar com o secretário do Tesouro dos Estados Unidos, Scott Bessent, na próxima semana, para tratar das tarifas de 50% impostas por Washington a parte das exportações brasileiras. Segundo o ministro, o encontro pode abrir caminho para um eventual diálogo direto entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o presidente norte-americano, Donald Trump.

“Ainda não há data definida, mas essa reunião é essencial para esclarecer os impactos da medida e retomar os canais de negociação”, disse Haddad. Ele destacou que o governo brasileiro considera a decisão dos EUA unilateral e que pretende apresentar argumentos técnicos sobre os impactos econômicos e legais da medida.

Trump afirmou que Lula pode ligar “quando quiser” para discutir as tarifas. A declaração foi dada a jornalistas no jardim da Casa Branca. “Acho ótimo. A recíproca também é verdadeira. O presidente Lula estaria disposto a receber um telefonema dele quando ele quiser”, respondeu Haddad ao ser questionado sobre a fala do líder americano.

A sobretaxa, decretada no final de julho, foi justificada por Trump como uma resposta a ações “incomuns” e “extraordinárias” do governo brasileiro, classificadas como ameaça à segurança nacional dos EUA. Apesar disso, cerca de 44,6% das exportações do Brasil foram poupadas da tarifa, incluindo produtos como petróleo, celulose, suco de laranja, minério de ferro e aviões.

Além do impacto comercial, a agenda entre Brasil e Estados Unidos pode incluir a aplicação da Lei Magnitsky ao ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes. O governo americano impôs sanções ao magistrado no mesmo decreto que anunciou o tarifaço. Haddad afirmou que pretende esclarecer a Bessent como funciona o sistema judiciário brasileiro e rebater o que chamou de “desinformação” sobre o tema. O presidente Lula também se manifestou nas redes sociais nesta sexta. Disse que o Brasil “sempre esteve aberto ao diálogo” e que continuará defendendo sua economia, empresas e trabalhadores. “Quem define os rumos do Brasil são os brasileiros e suas instituições”, escreveu.

Paralelamente, o governo federal discute medidas para mitigar os impactos da tarifa. No Ceará, por exemplo, o governador Elmano de Freitas e Haddad avaliaram a possibilidade de que o Estado e prefeituras comprem alimentos prejudicados pela medida, como peixes e frutas, para uso em programas sociais. Ainda não há previsão de um encontro presencial entre Lula e Trump. Segundo Haddad, tudo dependerá dos desdobramentos da conversa com o secretário do Tesouro americano.

Por Jovem Pan News

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Mistura de etanol na gasolina e de biodiesel no diesel aumenta a partir desta sexta-feira

Mistura de etanol na gasolina sobe para 30% e de biodiesel no diesel vai a 15%; impacto no preço deve variar até R$ 0,02 por litro.

Entram em vigor nesta sexta-feira (1º) os novos percentuais de biocombustíveis nos combustíveis fósseis, conforme decisão do Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) tomada no mês passado.

  • A mistura de etanol na gasolina passa de 27% para 30%
  • enquanto o percentual de biodiesel no diesel sobe de 14% para 15%.

O governo justifica a mudança dizendo que os conflitos no Oriente Médio geram instabilidade sobre o preço do petróleo e podem levar a aumentos repentinos no preço do combustível no Brasil. Com o aumento de biocombustíveis — produzidos no Brasil — nas misturas, as oscilações ficam menores. O país quer diminuir a dependência externa.

O biocombustível também é menos poluente que combustível à base de petróleo.

Impacto no bolso

A mudança deve ter impacto direto no bolso dos consumidores. Segundo Sérgio Araújo, presidente da Associação Brasileira de Importadores de Combustíveis (Abicom), o aumento na proporção de etanol na gasolina pode gerar uma leve redução no preço, de até R$ 0,02 por litro, devido à alta oferta do produto durante o pico da safra da cana-de-açúcar.

“A tendência, no entanto, é de que esse cenário mude após o fim da safra, com possível alta nos preços”, alerta.

No caso do biodiesel, o efeito é inverso: o aumento de 1 ponto percentual de biodiesel na mistura deve elevar o preço do diesel em cerca de R$ 0,02 por litro.

“O biodiesel custa quase o dobro do diesel de petróleo. Com a nova mistura, esse custo extra será repassado ao consumidor”, afirma Araújo.

Apesar do impacto, o diretor-superintendente da União Brasileira do Biodiesel e Bioquerosene (Ubrabio), Donizete Tokarski, minimiza o aumento.

“Essa diferença tende a ser imperceptível, considerando que, em um mesmo bairro, é comum encontrar variações superiores a R$ 0,20 por litro entre os postos”, diz.

Para Tokarski o aumento da mistura elevará a produção em cerca de 60 milhões de litros de biodiesel até o fim de 2025.

por g1 — Brasília

Dos 10 produtos mais exportados do RN para os EUA, só 2 escaparam do tarifaço de Trump

Entre os principais produtos exportados do RN para os EUA que serão taxados, estão pescados, sal marinho, frutas e confeitos. Só óleo de petróleo e pedras de construção ficaram de fora

Dos dez produtos mais exportados do Rio Grande do Norte para os Estados Unidos no ano passado, só dois escaparam do tarifaço imposto pelo governo de Donald Trump. São eles: óleos de petróleo e pedras de construção, como o granito. Os demais produtos passarão a ser submetidos a uma taxa de 50%, o que praticamente inviabilizará a entrada desses itens potiguares no mercado americano.

Os dois produtos que escaparam do tarifaço estão em uma lista de 694 exceções que o governo americano definiu para a sobretaxa sobre as mercadorias brasileiras. Fora esses itens, o restante vai receber uma tarifa adicional de 40%, elevando o valor total da sobretaxa para 50% —considerando os 10% anunciados em abril. As taxas devem entrar em vigor em 6 de agosto, segundo anúncio da Casa Branca.

Entre os principais produtos exportados do RN para os EUA que serão taxados, estão pescados, sal marinho, frutas e confeitos (como caramelos, pirulitos e pastilhas). A Casa Branca informou que a castanha-do-pará está entre as exceções – há uma dúvida se isso inclui castanha de caju, que está também entre os itens mais exportados do RN para os EUA.

Em 2024, no total, o RN exportou US$ 67,1 milhões em produtos para os Estados Unidos. Neste ano, antes do anúncio do tarifaço, as vendas estavam em alta. De janeiro a junho de 2025, segundo a Federação das Indústrias (Fiern), foram exportados US$ exatamente 67,1 milhões – ou seja, em apenas seis meses, o volume de exportação foi equivalente ao ano passado inteiro.

Drama dos setores de sal e pesca

Segundo a Federação das Indústrias do Rio Grande do Norte (Fiern), sal, pescados e confeitos representam cerca de 80% de tudo o que é exportado do Estado para o mercado americano. “O desafio agora é buscar uma reversão nesse pequeno período (até 6 de agosto). A gente tem essa esperança, acredita que isso possa ser resolvido com uma relação diplomática inteligente”, afirmou o presidente da Fiern, Roberto Serquiz, em coletiva de imprensa nesta quinta-feira 31.

No caso específico do sal, quase metade do que é exportado do RN para fora do Brasil vai para os Estados Unidos. São cerca de 550 mil toneladas por ano, segundo o Sindicato da Indústria do Sal do RN (Siesal).

O presidente do Siesal, Airton Torres, afirma que o setor emprega 4 mil pessoas diretamente e que essas vagas estão ameaçadas. Ele conta que há poucas opções de novos mercados para o sal potiguar. Por se tratar de produto de baixo valor, a mercadoria não é competitiva para exportar para longas distâncias. Além disso, a Europa, que poderia ser uma opção, já é autossuficiente em sal e importa pouco.

A pesca também passa por uma situação delicada. Segundo Arimar França Filho, presidente do Sindicato da Indústria da Pesca do RN (Sindipesca), o segmento contrata cerca de 1.500 trabalhadores – que também estão com os empregos ameaçados. Ele afirma que um potencial mercado para os pescados brasileiros seria a Europa, mas o continente aplica um embargo aos produtos brasileiros desde 2018. “Precisa de um trabalho do Governo Federal para que isso seja mudado”, declarou Arimar, em coletiva de imprensa também nesta quinta-feira.

Enquanto uma solução não é apresentada, embarcações já não vão para o mar nos próximos dias. Ele diz também que o próprio abastecimento interno poderá ser afetado, pois todo o setor fica prejudicado com a saída do mercado principal (os EUA).

“A exportação para os Estados Unidos é responsável por 80% da exportação de pescados do Rio Grande do Norte. No caso da pesca industrial (oceânica, de atum) é 100% Estados Unidos. Além disso, os EUA representam entre 70% e 80% do faturamento das empresas. O tarifaço vai inviabilizar a saída dos barcos. Nessa próxima rodada, a maioria das embarcações já estão em terra. E vai inviabilizar, porque os outros 30% do faturamento eram agregados à exportação. Se não tem mercado principal, não tem como as embarcações saírem”, declarou Arimar.

Sobre possíveis demissões, ele afirma que o momento é de cautela. “A gente não quer demitir. A gente está conversando com a Delegacia Regional do Trabalho, discutindo uma forma de fazer afastamento, treinamento para o pessoal por um período. A gente acredita que, nos próximos meses, isso será revertido. Ou ao menos um pouco aliviado”, concluiu.

Entenda a taxação

A sobretaxa de 50%, que havia sido anunciada por Donald Trump no dia 9 de julho, foi confirmada nesta quarta-feira 30 através de um decreto presidencial. Está entre as maiores implementadas para países que exportam aos EUA e possui motivação mais política que econômica.

O decreto que implementa as tarifas cita o nome de Jair Bolsonaro (PL) e diz que o ex-presidente —réu no STF (Supremo Tribunal Federal) em processo que apura trama golpista em 2022— sofre perseguição da Justiça brasileira.

Em comunicado, a Casa Branca disse que a medida oficializada nesta quarta visa “lidar com as políticas, práticas e ações recentes do governo brasileiro que constituem uma ameaça incomum e extraordinária à segurança nacional, à política externa e à economia dos Estados Unidos”.

“Membros do governo do Brasil têm tomado medidas que interferem na economia dos EUA, infringem os direitos de liberdade de expressão dos cidadãos norte-americanos, violam os direitos humanos e minam o interesse dos Estados Unidos em proteger seus cidadãos e empresas.”

O texto diz ainda que políticas, práticas e ações recentes do governo brasileiro ameaçam a segurança nacional, a política externa e a economia dos EUA. Também acusa o Brasil de violar direitos humanos.

por Agora RN

Lula convoca reunião emergencial após tarifaço de Trump

O presidente Luiz Inácio Lula da Silvaconvocou uma reunião de emergência no Palácio do Planalto, em Brasília, na tarde desta quarta-feira, 30. O encontro visa debater o impacto da nova sobretaxa imposta pelo governo de Donald Trump sobre produtos exportados pelo Brasil.

A medida, anunciada pela Casa Branca, eleva a tarifa total para 50%, e é justificada pelos Estados Unidos como uma resposta a ações do governo brasileiro que supostamente ameaçam a segurança e a economia norte-americana, incluindo menções à situação política de Jair Bolsonaro e ao ministro Alexandre de Moraes.

Reações à guerra tarifária americana

O documento assinado pelo presidente Donald Trump estabelece uma tarifa adicional de 40%, elevando a alíquota total para 50% sobre produtos brasileiros exportados. As novas taxas entrarão em vigor em sete dias, a partir da data de publicação do decreto, que ocorreu nesta quarta-feira. O documento prevê isenções para certas categorias de produtos, como alimentos específicos, minérios, bens de energia e artigos relacionados à aviação civil.

A justificativa oficial para esta imposição, de acordo com o comunicado da Casa Branca, é a necessidade de “lidar com as políticas, práticas e ações recentes do governo brasileiro que constituem uma ameaça incomum e extraordinária à segurança nacional, à política externa e à economia dos Estados Unidos”.

O texto menciona explicitamente o nome de Jair Bolsonaro (PL), afirmando que ele sofre perseguição por parte do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).

Resposta brasileira e reunião de emergência

A pauta da reunião emergencial convocada pelo presidente Lula terá como prioridade uma avaliação detalhada da extensão da decisão norte-americana e a formulação de estratégias para mitigar seus efeitos adversos no Brasil.

O governo espera identificar medidas para auxiliar setores econômicos diretamente afetados e garantir a manutenção de postos de trabalho. A crise pode afetar principalmente as multinacionais que possuem fábricas no território brasileiro, conforme levantamentos iniciais.

O vice-presidente Geraldo Alckmin, que tem desempenhado um papel ativo no contato com o setor empresarial e nas tentativas de negociação com as autoridades americanas, é um dos participantes confirmados no encontro.

A lista de convidados inclui os ministros Fernando Haddad (Fazenda), Rui Costa (Casa Civil), Gleisi Hoffmann (Relações Institucionais) e Jorge Messias (Advocacia-Geral da União). Em razão de viagem aos Estados Unidos, o chanceler Mauro Vieira será representado por um secretário do Itamaraty.

Presidentes das 4 principais montadoras que atuam no Brasil avisam Lula que vão demitir se vier pacote pró-China

Os presidentes das 4 principais montadoras que atuam no Brasil escreveram uma carta ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em 15 de junho de 2025, falando sobre o forte impacto que uma medida pronta para ser adotada causará no setor. A mando do Palácio do Planalto e sob coordenação do ministro da Casa Civil, Rui Costa (PT), a administração petista pretende baixar uma norma para incentivar a produção de carros cujas peças e componentes são 100% produzidos no exterior.

As empresas mais beneficiadas devem ser as montadoras chinesas. Por esse sistema conhecido como SKD (Semi Knocked Down), a empresa quase nunca contrata fornecedores no Brasil e a geração de empregos é muito pequena.

Assinaram a carta:

Ciro Possobom, da Volkswagen;

Evandro Maggio, presidente da Toyota;

Emanuele Cappellano, da Stellantis;

Santiago Chamorro, da GM (General Motors).

IMPACTOS

As montadoras brasileiras haviam anunciado recentemente cerca de R$ 180 bilhões de investimentos no Brasil em 5 anos, dos quais R$ 130 bilhões para o desenvolvimento e produção de veículos e outros R$ 50 bilhões para o parque de autopeças. Essa cifra será cortada em pelo menos R$ 60 bilhões.

As empresas estimam ainda que deixarão de contratar 10.000 trabalhadores e que 5.000 empregados atuais poderão ser demitidos.

A carta ressalta que o impacto não se restringiria apenas às montadoras. Para cada trabalhador demitido nessas empresas, outros 10 empregos podem ser perdidos na rede de fornecedores, ampliando o efeito negativo sobre toda a cadeia produtiva automotiva.

Ou seja, o impacto nesse caso tende a ser multiplicado por 10 na cadeia de sistemistas, com um corte total de 50.000 postos de trabalho.

“Essa prática deletéria pode disseminar-se em toda a indústria, afetando diretamente a demanda de autopeças e de mão de obra”, diz trecho do documento.

Os executivos defendem que a política industrial brasileira privilegie a produção local, “vetando privilégios para a importação de veículos desmontados ou produzidos no exterior com subsídios”.

Sem resposta

Lula não responde à carta conjunta da Volkswagen, Toyota, General Motors e Stellantis. A correspondência também foi enviada para Rui Costa e para Geraldo Alckmin (PSB), que é vice-presidente da República e também ministro da Indústria e do Comércio.

Rui Costa é político que fez carreira na Bahia, onde foi governador por 2 mandatos. É na Bahia que está o grande investimento da chinesa BYD, que vai se beneficiar da medida que está para ser editada pelo governo Lula e incentivar a produção de carros no sistema SKD.

Medidas em análise no governo

O Gecex-Camex (Comitê Executivo de Gestão da Câmara de Comércio Exterior), colegiado formado por integrantes de 11 ministérios do governo Lula, realizará uma reunião extraordinária na 4ª feira (30.jul.2025) para deliberar sobre medidas que podem beneficiar a indústria chinesa de automóveis no Brasil. As informações foram publicadas pelo jornal O Estado de S. Paulo no domingo (27.jul).

Segundo a publicação, os pleitos que serão analisados são da montadora chinesa BYD. Em fevereiro, a empresa pediu ao governo a redução de imposto de importação de kits SKD e CKD (Completely Knocked Down), de 5% no caso dos carros elétricos e 10% no caso dos híbridos. As taxas atuais são, respectivamente, de 18% e 20%.

Por Poder 360

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RN é pioneiro no Brasil na produção de combustível sustentável de aviação

Quando o assunto é descarbonização, o Rio Grande do Norte desponta como uma potência nacional, com protagonismo em áreas como energias renováveis, graças ao potencial local e às pesquisas encabeçadas por diversos atores potiguares. Mas o estado também é pioneiro em soluções sustentáveis para a aviação, um setor crucial na redução dos impactos das mudanças climáticas em todo o mundo. O destaque, nesse caso, é fruto do trabalho de uma equipe do Instituto Senai de Inovação em Energias Renováveis (ISI-ER), em Natal, que desenvolveu um combustível sustentável para aviação (SAF) a partir de glicerina.

Os resultados do projeto — a primeira planta-piloto para produção de SAF no Brasil — foram entregues no ano passado. O trabalho é coordenado pela pesquisadora Fabíola Correia, responsável pelos estudos realizados no Laboratório de Hidrogênio e Combustíveis Avançados (H2CA) do ISI-ER. O H2CA foi inaugurado em setembro de 2023 pelo Instituto Senai e a Cooperação Brasil-Alemanha para o Desenvolvimento Sustentável. Fabíola explica que as pesquisas sobre combustíveis começaram em 2008, numa época em que a urgência climática era pouco discutida, com processos voltados à chamada gasolina e diesel verdes.

Os estudos sobre SAF começaram apenas em 2017, impulsionados pelas demandas de descarbonização, por iniciativa do ISI-ER e da Rede Brasileira de Bioquerosene e Hidrocarbonetos Sustentáveis para Aviação (RBQAV), da qual Fabíola faz parte. SAF é a sigla em inglês para Sustainable Aviation Fuels, um combustível alternativo para aeronaves produzido a partir de fontes que atendem a padrões de sustentabilidade. As opções de matéria-prima são inúmeras, segundo a Agência Nacional de Aviação Civil, a exemplo de resíduos da agricultura, óleo usado de cozinha, gorduras, cana-de-açúcar e milho, entre outras.

No projeto desenvolvido pelo ISI-ER, a matéria-prima utilizada foi a glicerina, fruto de um estudo anterior. “A glicerina é um resíduo da indústria de biodiesel, um subproduto com pouco valor agregado que às vezes se torna até um problema devido à alta produção. Buscamos trabalhar dentro dos conceitos de economia circular, trazendo subprodutos industriais de menor valor para produzir matéria-prima de baixo custo e convertê-la em um produto de alto valor”, afirma Fabíola.

Em 2021, a glicerina começou a ser estudada no ISI-ER em parceria com a GIZ (Deutsche Gesellschaft für Internationale Zusammenarbeit), a Cooperação Técnica Alemã. “O órgão nos identificou justamente por conta do nosso histórico em pesquisas com combustíveis desde 2008”, conta a pesquisadora. Da parceria firmada em 2021 surgiu o H2CA, dois anos depois, o que permitiu elevar o grau de maturidade tecnológica do projeto para um nível mais próximo da indústria, chamado TRL (Technology Readiness Level).

A escala TRL varia de 1 a 9. Quanto maior o número, mais próxima a tecnologia está do nível industrial. “Com a planta-piloto, saímos de um TRL 4 para 6 e 7. Isso é importante porque agora conseguimos validar nossos processos sem a preocupação de fazer mudanças ao apresentar os resultados à indústria, como acontecia em pesquisas com menor TRL”, conta Fabíola Correia.

Produção

A produção de combustíveis avançados, como é o caso do SAF, requer um gás de síntese produzido a partir da junção de uma molécula de hidrogênio (H) e uma molécula de monóxido de carbono (CO). A extração desses dois gases na glicerina se dá por meio de um processo termoquímico. Nele, o foco é o uso adequado da temperatura e de um catalisador para retirar da matéria-prima (a glicerina é formada por carbono, hidrogênio e oxigênio) a molécula de hidrogênio de CO, que passará, a partir daí, para uma nova fase, chamada de síntese de Fischer-Tropsch. Esta é uma tecnologia alemã da década de 1930 utilizada durante a Segunda Guerra Mundial que transformava carvão em diesel. Com a tecnologia, hidrogênio e CO sofrem um rearranjo para formar a cadeia do combustível composta pelos dois gases.

Pesquisas sobre SAF começaram em 2017, no ISI-ER | Foto: Magnus Nascimento

“Esse rearranjo é alcançado com pressão, temperatura e catalisadores adequados para obter a cadeia do querosene de aviação como SAF e também como diesel. No caso do SAF, são necessários ainda dois outros processos, porque a cadeia de hidrogênio e CO possui um pouco de oxigênio, o que não pode acontecer, já que o combustível precisa ser idêntico ao querosene fóssil. Isso é fundamental para que não seja necessário alterar a infraestrutura das aeronaves”, pontua Fabíola Correia.

Os processos seguintes consistem em extrair o oxigênio e, em seguida, realizar a isomerização — etapa em que a molécula de hidrogênio e CO é igualada à molécula do combustível fóssil. O projeto finalizado foi entregue à GIZ, junto com um estudo de viabilidade técnica e econômica e o design de uma unidade industrial. Segundo Fabíola, entretanto, a chegada do produto ao mercado depende de políticas públicas que ainda precisam ser desenvolvidas.

“Nós já temos regulação por parte da ANP [Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis], mas o SAF é algo novo, que requer tempo para produção. Há diversas iniciativas, como a construção de plantas voltadas a esse fim, com o objetivo de atender o País, considerando a Lei do Combustível do Futuro, recém-aprovada e que estabelece a obrigatoriedade do uso de SAF para reduzir a emissão de carbono a partir de 2027. O Brasil terá que correr bastante até lá, então o importante é criar iniciativas para produção, uma vez que regulação nós já temos”, afirma a pesquisadora.

Contudo, ela reconhece: as iniciativas dependem de incentivos ainda inexistentes.

Fabíola lembra que todo novo produto, especialmente se tratando de biocombustíveis, vem acompanhado de altos custos. Por isso, ela destaca a necessidade de benefícios para evitar o encarecimento do setor de aviação. “A depender da rota, o SAF poderá elevar em até cinco vezes os custos. Sem incentivos fiscais, isso será remetido ao consumidor final, o que é inadmissível. Essa é nossa principal barreira no Brasil. É preciso também ampliar as tecnologias para a produção – hoje são 11 certificadas no País e há outras em aprovação”, frisa.

A pesquisadora reforça que é necessário expandir a certificação de tecnologias, considerando a diversidade de matérias-primas disponíveis no País, …