Casos em SP levam PF a investigar adulteração de bebidas nos estados

É importante que os usuários se certifiquem da qualidade e procedência das bebidas a serem consumidas | Foto: Adriano Abreu

A Secretaria de Estado da Saúde Pública (Sesap) está monitorando os casos de contaminação por metanol em bebidas alcoólicas após aumento expressivo de intoxicação alimentar e até óbitos no estado de São Paulo. O Ministério da Saúde determinou nesta terça-feira (30) que os profissionais de saúde de todo o Brasil notifiquem imediatamente ao Centro de Informações Estratégicas em Vigilância em Saúde (CIEVS) qualquer suspeita de intoxicação por metanol. A Polícia Científica do RN também monitora os casos. Em âmbito nacional, a Polícia Federal instaurou inquérito para apurar as ocorrências e investiga a ligação do crime organizado com a adulteração de bebidas alcoólicas com metanol.Play Video

“Temos acompanhado esse caso por meio das notícias, mas até o momento nenhum caso com esse tipo de intoxicação chegou até a Polícia Científica. Temos nossos métodos que são capazes de detectar a substância, tanto em material bruto como em bebidas, como no sangue. E também temos protocolos de estudo para esse tipo de substância, tanto no pós-morte quanto no in vivo também. A partir do momento que há uma suspeita do envolvimento desse tipo de substância, essa amostra pode ser coletada caso o óbito já tenha ocorrido ou se a pessoa estiver viva ou hospitalizada, por meio de exame de sangue”, destaca Cleildo Santana, perito criminal da Polícia Científica do Estado.

Ainda segundo o perito criminal, é importante que os usuários se certifiquem da qualidade e procedência das bebidas a serem consumidas e fiquem atentos a eventuais sintomas. “As recomendações são comuns para a percepção de mercadorias falsificadas de maneira geral. Aquele tipo de produto que geralmente tem um valor agregado bem alto, mas que por algum motivo é vendido a um preço muito baixo, discrepante. É um fator de alerta. E no caso de consumo, preferir estabelecimentos conhecidos, que se sabe que são idôneos”, disse.

Para o professor do Departamento de Análises Clínicas e Toxicológicas e coordenador da Liga Acadêmica de Toxicologia da UFRN, Herbert Sisenando, a academia tem acompanhado o surgimento desses casos de intoxicação por metanol “com muita atenção e cuidado”, especialmente diante do número de casos em um curto espaço de tempo e da gravidade dos casos que ocorreram em São Paulo. O professor cita ainda que “há o risco real de que situações semelhantes possam se espalhar para outras regiões do país”.

“Até o momento, não há casos confirmados de intoxicação por metanol em bebidas adulteradas no Rio Grande do Norte em 2025, segundo informações oficiais. Apesar disso, temos que estar em alerta, pois o risco de surgimento de casos devido à circulação de bebidas adulteradas com metanol em outras regiões, como São Paulo, é real, e as autoridades locais reforçam a vigilância e o cuidado”, declarou.

As medidas anunciadas pelo Ministério da Saúde buscam reforçar a vigilância e a resposta a casos suspeitos, especialmente em São Paulo, que está com seis casos confirmados e dez em investigação, incluindo três óbitos.

O Ministério da Saúde informou também que publicará uma nota técnica com orientações sobre sinais, sintomas clínicos e demais informações para auxiliar na identificação de casos de intoxicação, além de instruções aos profissionais de saúde sobre a administração de antídotos para o metanol. A notificação pelo CIEVS será a base para as ações de resposta a casos suspeitos.

Os casos apresentam padrão inédito e diverso dos que eram, até então, registrados. As ocorrências de intoxicação por metanol estavam, majoritariamente, associadas a pessoas em extrema vulnerabilidade ou população em situação de rua, principalmente após ingestão de álcool em postos de gasolina adulterados com a substância.

No entanto, a partir do início do mês de setembro, em um curto intervalo de tempo, os pacientes intoxicados apresentaram histórico de ingestão recente de bebidas alcoólicas destiladas em cenas sociais de consumo alcoólico, incluindo bares e com diferentes tipos de bebida, como gin, whisky, vodka, entre outros.

Diante do caráter inédito da situação, o Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP) ressalta a possibilidade de existirem casos ainda não notificados, que seguem sob investigação e aguardam confirmação laboratorial.

A intoxicação por metanol é uma emergência médica de extrema gravidade. A substância, quando ingerida, é metabolizada no organismo em produtos tóxicos (como formaldeído e ácido fórmico), que podem levar ao óbito.

por Tribuna do Norte

PUBLICIDADE

Compartilhe

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *