Brasil vai aderir à ação na ONU que acusa Israel de genocídio contra o povo palestino; embaixada contesta

Na ação, África do Sul pede à Corte que declare que Israel violou obrigações internacionais. Em nota, Confederação Israelita do Brasil criticou a postura do governo: ‘Falsas narrativas’.

O Brasil anunciou nesta quarta-feira (23) que está em processo de entrada formal do Brasil na ação contra Israel na Corte Internacional de Justiça das Nações Unidas (ONU).

A ação movida pela África do Sul pede à Corte que declare que Israel violou, no conflito contra o Hamas, obrigações previstas na Convenção para a Prevenção e Repressão do Crime de Genocídio. Israel refuta as alegações da África do Sul. O conflito eclodiu em 7 de outubro de 2023.

De acordo com Itamaraty, o governo brasileiro expressa indignação diante dos recorrentes episódios de violência contra a população civil no Estado da Palestina, não se restringindo à Faixa de Gaza e estendendo-se à Cisjordânia.

“A comunidade internacional segue testemunhando, de forma rotineira, graves violações de Direitos Humanos e Humanitário: ataques à infraestrutura civil, inclusive a sítios religiosos, como à paróquia católica em Gaza, e às instalações das Nações Unidas, como à Organização Mundial da Saúde; violência indiscriminada e vandalismo por colonos extremistas na Cisjordânia, como o incêndio às ruínas da antiga Igreja de São Jorge e ao cemitério bizantino em Taybeh; massacres de civis, a maior parte dos quais mulheres e crianças, que se tornaram cotidianos durante a entrega de ajuda humanitária em Gaza; e a utilização despudorada da fome como arma de guerra”, diz a nota do governo brasileiro.

O Itamaraty afirmou ainda que Israel também comente “contínuas violações do Direito Internacional”, como a anexação de territórios pela força e a expansão de assentamentos ilegais.

“O Brasil considera que já não há espaço para ambiguidade moral nem omissão política. A impunidade mina a legalidade internacional e compromete a credibilidade do sistema multilateral.”, diz trecho da nota do MRE.

Embaixada de Israel rebate governo

A Embaixada de Israel no Brasil divulgou uma nota em que diz lamentar que a declaração do Brasil “utilize palavras duras que não retratam plenamente a realidade do que está ocorrendo atualmente em Gaza” (veja a íntegra da nota ao final desta reportagem).

Segundo a embaixada, 85 milhões de porções de comida foram entregues na Faixa de Gaza nos últimos dois meses.

“Entendemos a dificuldade de garantir que essa ajuda chegue às pessoas que realmente precisam, especialmente diante da ameaça de que o Hamas roube os suprimentos, o que cria a difícil situação que vemos entre os palestinos. No entanto, o Estado de Israel está plenamente comprometido com essa ajuda, e nossos esforços negam qualquer acusação de uso da fome como arma”, afirmou.

Israel afirmou ainda que a declaração do Brasil “ignorou completamente o papel do Hamas” em Gaza, que a embaixada diz que influencia negativamente na vida da região, na distribuição de ajuda humanitária e nas tentativas de alcançar um cessar-fogo.

“Israel não está cometendo genocídio em Gaza. A iniciativa da África do Sul na Corte Internacional de Justiça (CIJ) não reflete a complexidade e a realidade que nossas equipes veem em campo. Lamentamos profundamente que pessoas inocentes estejam sendo afetadas na guerra contra o Hamas, e buscamos evitar qualquer dano a civis em nossas ações, o que torna essas acusações infundadas”, diz a nota.

A Confederação Israelita do Brasil (Conib) também divulgou uma nota em que critica a postura do governo.

A entidade afirma que a política externa brasileira, sob o comando do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e de seu assessor especial Celso Amorim, teria abandonado a tradição de “equilíbrio e moderação” e estaria adotando “falsas narrativas” contra Israel.

Na avaliação da Conib, a nota oficial divulgada pelo Itamaraty sobre o conflito distorce os fatos ao responsabilizar Israel pelas mortes de civis em Gaza. A entidade também condena o apoio do Brasil à ação movida pela África do Sul no Tribunal Internacional de Justiça (TIJ), que acusa o governo israelense de genocídio contra os palestinos. Segundo a Conib, a acusação é “falsa e perversa” e desrespeita a memória do Holocausto, que vitimou 6 milhões de judeus.

Mais de 100 organizações humanitárias alertam que a fome se espalha em Gaza

Adesão do Brasil

Durante a reunião do Brics — grupo que reúne algumas das principais economias emergentes do mundo — no início deste mês, o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, afirmou à uma emissora árabe que o Itamaraty “está trabalhando” no processo de adesão.

“Nós vamos. Estamos trabalhando nisso, e você terá essa boa notícia em muito pouco tempo”, afirmou o chanceler na entrevista.

A Convenção das Nações Unidas para a Prevenção e a Repressão do Crime de Genocídio, da ONU, classifica genocídio como qualquer ação com a intenção de “cometida com a intenção de destruir, total ou parcialmente, um grupo nacional, étnico, racial ou religioso”.

No caso apresentado ao Tribunal de Haia, a África do Sul pede uma suspensão emergencial da campanha militar de Israel no território palestino.

A Convenção sobre Genocídio de 1948 define genocídio como “atos cometidos com a intenção de destruir, no todo ou em parte, um grupo nacional, étnico, racial ou religioso”.

O chanceler Mauro Vieira durante participação na Comissão de Relações Exteriores da Câmara — Foto: Vinicius Loures/Câmara dos Deputados

O chanceler Mauro Vieira durante participação na Comissão de Relações Exteriores da Câmara — Foto: Vinicius Loures/Câmara dos Deputados

Governo Lula diz ver ‘genocídio’ e ‘carnificina’ em Gaza

Em declarações públicas, entrevistas e comunicados oficiais, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, têm afirmado que está em curso em Gaza um “genocídio” e uma “carnificina” contra os cidadãos palestinos, atribuindo a responsabilidade ao governo de Benjamin Netanyahu.

Desde outubro de 2023, quando começou a guerra entre o governo de Israel e o grupo terrorista Hamas, que controla a Faixa de Gaza, o governo brasileiro tem defendido que as partes cheguem a um acordo que leve a um cessar-fogo permanente e à entrada ininterrupta de ajuda humanitária para os palestinos.

Diante dos frequentes ataques comandados pelo Exército de Israel em Gaza, o governo Lula também tem:

  • defendido a saída completa das tropas israelenses da região;
  • questionado os limites éticos e

Vazamento no CNJ expõe dados cadastrais de chaves Pix de 11 milhões de pessoas; senhas não foram reveladas

Em nota, o Banco Central afirmou que o vazamento ‘não permite movimentações de recursos, nem acesso às contas ou a outras informações financeiras’.

O Banco Central e o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) confirmaram nesta quarta-feira (24) que houve um acesso indevido a dados vinculados a chaves Pix no sistema Sisbajud, ferramenta de busca de ativos operada pelo CNJ em parceria com o Banco Central. O incidente de segurança ocorreu nos dias 20 e 21 de julho e afetou dados cadastrais de 11.003.398 pessoas.

Segundo os dois órgãos, não houve vazamento de dados sensíveis, como senhas, saldos, extratos bancários ou informações protegidas por sigilo bancário. As informações expostas foram exclusivamente de natureza cadastral: nome do titular, chave Pix, instituição financeira, número da agência e número da conta.

Em nota, o Banco Central afirmou que o vazamento “não permite movimentações de recursos, nem acesso às contas ou a outras informações financeiras”. O CNJ, por sua vez, informou que o problema foi “imediatamente identificado e corrigido”, e que o sistema voltou a funcionar normalmente após a adoção das medidas de segurança.

A Polícia Federal e a Autoridade Nacional de Proteção de Dados (ANPD) foram oficialmente comunicadas sobre o ocorrido.

Riscos e recomendações

Apesar de os dados expostos não permitirem movimentações financeiras, o CNJ alertou que a exposição de dados cadastrais representa riscos potenciais, como tentativas de golpes e fraudes. Por isso, o órgão recomenda que os usuários fiquem atentos a comunicações suspeitas e reforcem os cuidados com segurança digital.

O CNJ ressaltou que não entra em contato com os afetados por meio de SMS, e-mail ou chamadas telefônicas, e que irá disponibilizar em seu site oficial um canal exclusivo para que cidadãos consultem se foram impactados pelo vazamento.

O incidente ocorre em um contexto de atenção crescente à proteção de dados no país, especialmente após a entrada em vigor da Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD). O artigo 48 da LGPD prevê que os responsáveis por dados pessoais devem comunicar incidentes de segurança que possam acarretar risco ou dano relevante aos titulares.

por TV Globo — Brasília

Flávio Bolsonaro diz que sanção a Motta e Alcolumbre pode atrapalhar oposição

Ao chegar ao Brasil nesta quarta-feira (23/7), após viagem a Portugal, o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) afirmou que uma possível sanção do governo dos Estados Unidos (EUA) ao presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), e ao presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), poderia atrapalhar o andamento das pautas da oposição no Congresso.

A fala do parlamentar vem após o governo Trump cogitar a possibilidade de sanções a Motta e Alcolumbre, como noticiou a coluna Paulo Cappelli, do Metrópoles. Flávio acredita que uma das razões que possa ter levado o governo Trump a avaliar as sanções foi uma possível omissão de Alcolumbre sobre pautar a votação do impeachment do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).

“Eu acho que pode atrapalhar dependendo de como vai ser a reação do presidente Davi (…) Eu sou sempre do diálogo de construir, de conversar. Mas quando há uma intransigência e nada mais pode ser feito, eu só enfatizo de novo. É uma possibilidade que pode ser que esteja lá na mesa do Trump, mas a gente não tem nenhum controle sobre isso”.

Na visão do parlamentar, uma possível sanção de Mota e Alcolumbre poderia gerar um “espírito de corpo” dos presidentes do Senado e Câmara ao ministro Alexandre de Moraes. “Como está sendo sancionado também, você, então… Vamos estar juntos, vamos nos proteger”, disse Flávio sobre uma eventual aproximação de Mota, Alcolumbre e Moraes.

O senador protocolou nesta quarta um novo pedido de impeachment contra Moraes no Senado.

O filho “01” do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) alega que as medidas cautelares impostas contra o ex-chefe do Executivo no inquérito que investiga supostos crimes contra a soberania nacional configuram “censura prévia”, “extrapolam em muito os limites que regem o exercício da jurisdição penal” e são crime de responsabilidade.

por Metrópoles

Trump diz que tarifa de 50% é para países que não têm se dado bem com EUA

Líder americano afirmou que nações que são alvos de taxações maiores são “fechadas” para negociações

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, disse nesta quarta-feira (23) que a taxa de 50% é para países que não têm se dado bem com EUA.

“Então, simplesmente dizemos: vamos pagar 50%. É assim que funciona”, disse o republicano em um evento em Washington.

O líder americano detalhou ainda que tem tarifas simples e diretas, entre 15% e 50%, e disse que nações que são alvos de taxações maiores são “fechadas” para negociações. Ele afirmou que os EUA cobrariam tarifas diretas da “maior parte do resto do mundo”, sem especificar novas medidas.

“A abertura de um país é muito importante para nós. Temos vários países que abriram suas portas. Acabamos de fazer algumas transações incríveis”, disse o chefe de Estado.

Segundo Trump, as discussões com a China estão em andamento e devem resultar em um acordo comercial.

Falando em um evento sobre inteligência artificial, Trump também disse que estava em negociações comerciais sérias com a União Europeia e estabeleceria tarifas mais baixas para o bloco caso haja abertura para empresas americanas.

Negociações entre Brasil e EUA

Após o presidente americano determinar tarifas de 50% para produtos brasileiros, autoridades tentam efetivar uma negociação.

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou nesta quarta-feira (23) que o governo federal discute a medida diretamente com secretários do governo dos Estados Unidos, cargo equivalente a ministro no Brasil.

“Estamos fazendo tentativas de contato reiteradas, mas há uma concentração de informações na Casa Branca. Alckmin está tendo contato com secretários. No nosso caso da Fazenda, temos contato com a equipe técnica do Tesouro americano, mas não com o secretário”, disse Haddad na portaria do ministério da Fazenda.

por Reuters