Café e carne: veja produtos que não escaparam do tarifaço de Trump

A ordem executiva assinada pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, nesta quarta-feira (30/7), detalha uma extensa lista de produtos que ficarão isentos da tarifa de 50% imposta às importações brasileiras. Apesar das exceções, itens de peso do agronegócio nacional, como carnes, café e frutas, não foram poupados e serão diretamente atingidos pela nova alíquota.

A medida foi tomada pelo governo norte-americano sob a justificativa de que o governo brasileiro representa uma ameaça “incomum e extraordinária” à segurança nacional, à política externa e à economia dos EUA. A decisão foi publicada pela Casa Branca, que também divulgou a lista dos itens isentos da cobrança adicional.

Entre os produtos que não serão taxados estão o suco e a polpa da laranja, minérios de ferro, celulose, combustíveis e peças de aeronaves civis — como motores e componentes, o que inclui itens relevantes para empresas como a Embraer. Esses setores foram preservados, ao contrário do que ocorreu com a carne, o café e as frutas, que não aparecem na relação de exceções.

A ordem se baseia na Lei de Poderes Econômicos de Emergência Internacional (IEEPA, na sigla em inglês), de 1977. Com isso, o governo dos Estados Unidos declara a instauração de uma nova emergência nacional em relação ao Brasil. O texto cita como motivo a perseguição e censura a opositores políticos do governo brasileiro, incluindo o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), além de processos considerados de cunho político.

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“O presidente Trump tem reafirmado consistentemente seu compromisso de defender a segurança nacional, a política externa e a economia dos Estados Unidos contra ameaças estrangeiras”, afirma comunicado oficial. Segundo o governo norte-americano, a medida também busca salvaguardar a liberdade de expressão e responsabilizar violadores de direitos humanos.

Além do tarifaço, Brasil pode sofrer sanções dos EUA por comércio com a Rússia, dizem senadores que viajaram a Washington

Os senadores brasileiros que viajaram a Washington para tentar abrir um canal de diálogo com o Congresso e com o setor privado norte-americano afirmaram nesta quarta-feira (30) que a relação comercial do Brasil com a Rússia pode gerar uma nova tensão com os EUA.

“Há outra crise pior que pode nos atingir em 90 dias”, afirmou o senador Carlos Viana (Podemos-MG) a jornalistas.

“Tanto republicanos quanto democratas foram firmes em dizer que vão aprovar uma lei que vai criar sanções automáticas para todos os países que fazem negócios com a Rússia”, completou.

A comitiva reforçou que esse é um dos pontos que serão abordados com o governo brasileiro, reiterando que a leitura dos parlamentares norte-americanos é que os países que continuam a fazer negócio com Putin estão ajudando a intensificar o conflito entre Moscou e a Ucrânia.

“Eles estão preocupados em acabar com a guerra [com a Ucrânia], e eles acham que quem compra da Rússia dá munição para a guerra continuar”, afirmou a senadora Tereza Cristina (PP-MS).

A importação de combustível da Rússia por parte de vários países pelo mundo tem sido um tema sensível entre republicanos e democratas nos Estados Unidos. No caso do Brasil, a maior importação diz respeito a combustíveis e fertilizantes.

Mais cedo nesta quarta-feira (30), o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, impôs uma “multa” à Índia como forma de penalidade pelas negociações de equipamentos militares e energia do país com a Rússia.

“Embora a Índia seja nossa amiga, ao longo dos anos fizemos relativamente poucos negócios com eles porque suas tarifas são altíssimas, entre as mais altas do mundo, e eles têm barreiras comerciais não monetárias mais rigorosas e incômodas do que qualquer país”, afirmou o republicano em uma publicação no Truth Social.

Trump afirmou, ainda, que a Índia também sempre comprou a grande maioria de seus equipamentos militares e de energia da Rússia, juntamente com a China, reiterando que o comércio entre os dois países acontece mesmo em um momento em que o mundo quer que Moscou “pare com a matança na Ucrânia”.

“Tudo isso não é bom! A Índia, portanto, pagará uma tarifa de 25% mais uma multa pelo citado acima, começando a partir de 1º de agosto”, completou o republicano.

Por g1

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Lula convoca reunião emergencial após tarifaço de Trump

O presidente Luiz Inácio Lula da Silvaconvocou uma reunião de emergência no Palácio do Planalto, em Brasília, na tarde desta quarta-feira, 30. O encontro visa debater o impacto da nova sobretaxa imposta pelo governo de Donald Trump sobre produtos exportados pelo Brasil.

A medida, anunciada pela Casa Branca, eleva a tarifa total para 50%, e é justificada pelos Estados Unidos como uma resposta a ações do governo brasileiro que supostamente ameaçam a segurança e a economia norte-americana, incluindo menções à situação política de Jair Bolsonaro e ao ministro Alexandre de Moraes.

Reações à guerra tarifária americana

O documento assinado pelo presidente Donald Trump estabelece uma tarifa adicional de 40%, elevando a alíquota total para 50% sobre produtos brasileiros exportados. As novas taxas entrarão em vigor em sete dias, a partir da data de publicação do decreto, que ocorreu nesta quarta-feira. O documento prevê isenções para certas categorias de produtos, como alimentos específicos, minérios, bens de energia e artigos relacionados à aviação civil.

A justificativa oficial para esta imposição, de acordo com o comunicado da Casa Branca, é a necessidade de “lidar com as políticas, práticas e ações recentes do governo brasileiro que constituem uma ameaça incomum e extraordinária à segurança nacional, à política externa e à economia dos Estados Unidos”.

O texto menciona explicitamente o nome de Jair Bolsonaro (PL), afirmando que ele sofre perseguição por parte do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).

Resposta brasileira e reunião de emergência

A pauta da reunião emergencial convocada pelo presidente Lula terá como prioridade uma avaliação detalhada da extensão da decisão norte-americana e a formulação de estratégias para mitigar seus efeitos adversos no Brasil.

O governo espera identificar medidas para auxiliar setores econômicos diretamente afetados e garantir a manutenção de postos de trabalho. A crise pode afetar principalmente as multinacionais que possuem fábricas no território brasileiro, conforme levantamentos iniciais.

O vice-presidente Geraldo Alckmin, que tem desempenhado um papel ativo no contato com o setor empresarial e nas tentativas de negociação com as autoridades americanas, é um dos participantes confirmados no encontro.

A lista de convidados inclui os ministros Fernando Haddad (Fazenda), Rui Costa (Casa Civil), Gleisi Hoffmann (Relações Institucionais) e Jorge Messias (Advocacia-Geral da União). Em razão de viagem aos Estados Unidos, o chanceler Mauro Vieira será representado por um secretário do Itamaraty.

Ex-assessor de Moraes sai do Brasil, ameaça fazer revelações e defende Eduardo

O ex-assessor do ministro Alexandre de Moraes no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) Eduardo Tagliaferro revelou, nesta quarta-feira, 30, em conversa por videochamada com blogueiros bolsonaristas, que está fora do Brasil. Além disso, atacou o ministro, disse que pretende fazer revelações sobre o magistrado e defendeu a atuação do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) nos Estados Unidos.

“Sou um dos perseguidos também. Estou junto no inquérito com todos vocês. Ainda não fui denunciado, mas provavelmente a partir de hoje eu serei denunciado, e o azar é só deles, que quanto mais eles fazem, mais eu faço”, afirmou.

Segundo Tagliaferro, a forma de Moraes agir é “amedrontando, assustando e calando as pessoas”. “E a mim ele não vai calar”.

O ex-assessor falou ainda que, no dia a dia, o ministro é uma pessoa “narcisista, autoritária, que se não for feito do modo que ele quer, ele ataca, ele agride, agride com palavras, humilha”. “Fez isso com muitos servidores meus”.

“Ele pode até me atacar, ele pode até vir para cima, mas contra fatos, contra provas, não tem argumentos. As provas estão comigo, sim, eu sempre guardei”, declarou.

Tagliaferro não revelou o local exato onde está atualmente, mas disse que pretende ir aos Estados Unidos. Sobre a atuação de Eduardo no país, falou ver como “uma luta para tentar não só salvar o pai dele [Jair]”. “Não vejo dessa forma, não. Eu vejo como uma luta para tentar salvar o país, para tirar essa tirania, para tirar esse domínio que a esquerda tem sobre o país e quer deixar o pessoal debaixo do tapete dela, quer dominar o país”.

Ele prosseguiu: “Então, o trabalho que o Eduardo Bolsonaro está fazendo merece os parabéns, meus parabéns a ele”.

Indiciado pela PF

Em abril, a Polícia Federal (PF) indiciou Tagliaferro por violação de sigilo funcional com dano à administração pública, no escândalo batizado de Vaza Toga.

Segundo o órgão, Tagliaferro ocupava cargo de confiança na Assessoria Especial de Enfrentamento à Desinformação no TSE e “praticou, de forma consciente e voluntária” o alegado crime.

“Por todas as razões delineadas, com amparo nas informações trazidas as autos, com extensa realização de oitivas e amparo na quebra de sigilo telemática deferida, constata-se a materialidade”, diz trecho da PF.

No documento, a PF afirma que o ex-assessor revelou à própria esposa que repassou informações ao jornal Folha de S.Paulo.

“O diálogo deixou evidente que Eduardo divulgou ao jornalista informações que foram obtidas enquanto ele laborada na Assessoria Especial de Enfrentamento à Desinformação do TSE. Estas informações deveriam ser mantidas em sigilo”, destaca.

Por O Antagonista