Polícia investiga conexões do grupo liderado por Marcelo “Pica-Pau” com homicídios na Grande Natal

A Polícia Civil do Rio Grande do Norte (PCRN) informou que as investigações sobre a atuação da organização criminosa liderada por Marcelo “Pica-Pau”, morto durante operação policial na manhã deste domingo (27), seguem em curso. Segundo a PCRN, as apurações apontam conexões do grupo com homicídios registrados nos municípios de Touros e em outras localidades da Grande Natal, apurados pela Divisão de Homicídios e de Proteção à Pessoa (DHPP).

A operação que resultou na morte de Pica-pau, além de outros dois criminosos que estavam com ele, foi deflagrada na manhã do último sábado (26) com o objetivo de cumprir mandados judiciais contra integrantes de uma organização criminosa com atuação interestadual. A ação ocorreu no município de Extremoz, na Grande Natal.

Durante o cumprimento dos mandados judiciais, os policiais civis foram recebidos com tiros de fuzil e explosivos por Marcelo Johnny Viana Bastos, conhecido como “Pica Pau”, apontado como um dos criminosos mais procurados do estado. Na ocasião, houve intenso tiroteio, resultando em seis agentes feridos — quatro policiais civis e dois policiais militares — todos socorridos, sem risco de morte. Durante a ação, uma mulher, companheira do investigado, foi atingida, socorrida, mas faleceu no hospital. Um segundo suspeito também foi alvejado, falecendo no local.

Após um longo período de negociação conduzida pelo BOPE da PMRN, ele se recusou a se render. Diante da resistência e do confronto armado, a Polícia Civil informou que ele foi atingido e neutralizado no local, na manhã deste domingo (27).

Marcelo Johnny era investigado por diversos crimes graves, incluindo o latrocínio da jovem Maria Bruna Pereira Assunção, de 27 anos, ocorrido em junho de 2025, no município de Ceará-Mirim, além do roubo a uma empresa de valores localizada em um supermercado de Natal, ocasião em que um vigilante foi morto e uma quantia em dinheiro subtraída.

A operação contou com o apoio da Polícia Rodoviária Federal (PRF), do Batalhão de Operações Policiais Especiais da Polícia Militar (BOPE/PMRN) e do Ciberlab, do Ministério da Justiça e Segurança Pública.

Uma coletiva de imprensa será realizada nesta segunda-feira (28), às 12h, na sede da Secretaria de Estado da Segurança Pública e da Defesa Social (Sesed), com o objetivo de detalhar a “Operação Cratos”, deflagrada em Extremoz. Participarão da coletiva representantes das forças de segurança envolvidas na ação.

PUBLICIDADE

.

Como chefão do PCC segue dando ordens de presídio de segurança máxima

Descrito como um dos “mais altos líderes” do Primeiro Comando da Capital (PCC), Rodrigo Felício, o Tiquinho de Limeira, coordena de dentro do sistema carcerário, há 12 anos, atividades criminosas nas ruas, por meio de “salves” — parte dos quais, escritos em cartas, vazadas da Penitenciária de Segurança Máxima de Presidente Venceslau, no interior paulista.

Criminosos da cúpula do PCC — entre eles, Marco Willians Herbas Camacho, o Marcola — já cumpriram parte de suas penas na mesma unidade prisional, da qual relevantes lideranças da facção foram transferidas para penitenciárias federais, por questões de segurança.

Condenado a 52 anos e 8 meses no regime fechado — por tráfico de drogas, associação criminosa, porte ilegal de arma de fogo e resistência –, Tiquinho segue em Presidente Venceslau, de onde contava com o apoio nas ruas de sua esposa (atualmente presa) e ainda do braço direito, Alex Araújo Claudino, o Frango, que está foragido da Justiça.

Parte dos manuscritos — redigida na penitenciária de segurança máxima pelo chefão do PCC — é usada para manter sua influência e coordenação na venda e despacho de drogas.

Coordenando o tráfico

Documentos da Promotoria paulista, obtidos pela reportagem, mostram que as ordens de Tiquinho, vazadas pelos telegramas, eram repassadas por sua esposa, Maria Fernanda Antunes Martins, a Gordinha, a integrantes do PCC, via WhatsApp.

Com base na interceptação das conversas, feitas diariamente entre Gordinha e comparsas de Tiquinho, a polícia identificou movimentações milionárias do bando.

Por Metrópoles

PUBLICIDADE

VÍDEO: Criminoso mais procurado do RN, Marcelo “Pica-Pau” morre durante operação policial

Marcelo Jhonny Viana Bastos, conhecido como “Pica-Pau”, morreu na manhã deste domingo (27) durante confronto com agentes da Polícia Militar e da Polícia Civil. O criminoso, que era considerado o mais procurado do Rio Grande do Norte, foi alvo de um cerco policial que estava montado desde a manhã de sábado (26), nas proximidades de uma residência em Extremoz, na Grande Natal.

Casa onde Marcelo ‘Pica-Pau’ se abrigou durante o confronto, ficou totalmente destruida.

Marcelo Pica-Pau era procurado por uma série de crimes, entre eles o assalto a um carro-forte no estacionamento de um supermercado em Capim Macio, ocorrido em agosto de 2024. Na ocasião, o vigilante Janielson Carvalho Correia foi morto durante a ação criminosa.

A operação começou na manhã de sábado (26), por volta das 10h30, após equipes da Delegacia de Extremoz e do 16º Batalhão da PM serem acionadas para investigar uma denúncia sobre um veículo roubado encontrado em uma residência no Portal do Sol. Desde então, a Polícia Militar, em conjunto com equipes da Polícia Civil, mantiveram o cerco para tentar prender Pica-Pau. Durante as negociações, familiares do suspeito também estiveram no local e tentaram uma negociação para ele se render, mas sem sucesso.

No começo da noite de sábado (26), a Polícia Civil informou que um homem e uma mulher que estavam na mesma residência que “Pica-Pau” foram mortos na troca de tiros. Além disso, ainda durante o primeiro dia do cerco, um policial foi ferido por estilhaços.

PUBLICIDADE

.…

Itamaraty minimizou preocupação dos EUA com Bolsonaro, diz oficial de Trump

Um funcionário sênior da administração de Donald Trump afirmou que não vê possibilidade de qualquer negociação adiar a entrada em vigor das tarifas de 50% contra o Brasil a partir do dia 1º de agosto. Isso porque até o momento o país não apresentou nada “sério” a ser negociado. O argumento é o mesmo ventilado nos bastidores pela Casa Branca ontem, de que nenhum avanço aconteceu porque os brasileiros não se “engajaram suficientemente” para isso.

As informações são da jornalista Mariana Sanches, colunista do UOL em Washington D.C..

Questionado sobre qual seria o engajamento esperado do Brasil neste momento, este funcionário, que pediu anonimato para comentar o assunto por não ter autorização para falar sobre o tema publicamente, afirmou que a discussão não pode se pautar apenas em comércio, já que a preocupação primordial de Trump seria outra.

“O Itamaraty minimizou as preocupações de Washington sobre o ex-presidente Bolsonaro e a liberdade de expressão, em detrimento de seu governo e de seu povo. O assunto agora se agravou muito além das expectativas deles”, afirmou o funcionário da gestão Trump.

Na carta em que anunciou as tarifas contra o Brasil, em 9 de julho, Trump chamou de “caça às bruxas” o processo judicial a que o ex-presidente brasileiro Jair Bolsonaro (PL) responde. Entre outros crimes, ele é acusado de tentativa de abolição violenta do Estado democrático de Direito —os quais nega. Além disso, Trump acusava o STF (Supremo Tribunal Federal) de censurar cidadãos americanos e prejudicar os interesses comerciais de big techs americanas. Desde a divulgação da carta, a gestão Trump e o próprio presidente repetiram diversas vezes o argumento de que Bolsonaro é um perseguido político.

As declarações ecoam o teor da campanha feita há meses em Washington pelo deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) e pelo comentarista político Paulo Figueiredo por punições ao Brasil que possam forçar as autoridades do país a aprovar uma anistia a Bolsonaro, a seus aliados e a seus apoiadores.

Além das tarifas, os EUA iniciaram uma investigação por supostas práticas desleais de comércio do Brasil, e o Departamento de Estado anunciou restrição de acesso ao território americano ao ministro do STF Alexandre de Moraes, relator do processo contra Bolsonaro, e ao que chamou de “seus aliados da corte”, em referência a outros sete ministros e a Paulo Gonet, procurador-geral da República. Mas novas ações de Washington são esperadas, tanto por bolsonaristas como pelo Itamaraty. Uma fonte do governo americano afirmou à coluna já ter visto o formulário escrito para impor sanções financeiras da Lei Global Magnitsky contra Moraes.

“O presidente Trump foi claro e o governo americano dispõe de uma ampla gama de ferramentas que pode — e irá — usar para promover suas prioridades. Moraes e sua turma apenas testemunharam o início disso. Isso está longe de acabar”, disse esta fonte do governo Trump.

Até o momento, Trump escolheu não abrir conversas entre a Casa Branca e o Planalto para tentar diminuir a crise bilateral. O governo brasileiro segue fazendo esforços para sensibilizar a gestão do republicano e aposta especialmente em pesos pesados do PIB dos EUA, que terão seus negócios afetados pelo tarifaço, para desbloquear o canal.

Trump já mobilizou tarifas como instrumento de pressão diplomática e comercial contra quase duas centenas de países, entre aliados e adversários. Mas em nenhum desses casos, o republicano exigiu interferência no Judiciário do país para abrir negociação. Até o momento, o governo brasileiro não fez e afirma que não fará concessões políticas ou judiciais aos Estados Unidos. Em Brasília, tal condição para a negociação é vista como extorsão.

“O Brasil não vai negociar sua soberania ou a independência de Poderes com quem quer que seja. Com nenhum outro país do mundo com o qual estão negociando tarifas, os EUA fizeram exigências como esta, de interferência aberta e indevida em assuntos de ordem doméstica. O Brasil segue disposto a negociar nos temas em que uma negociação é possível, mas não aceitará ingerência estrangeira em questões internas. A independência do Poder Judiciário vale tanto nos EUA quanto no Brasil”, afirmou um embaixador brasileiro com conhecimento direto das negociações.

O embaixador Tom Shannon, que liderou a embaixada americana em Washington durante a gestão de Barack Obama, afirma à coluna que a resposta do Itamaraty até o momento foi “óbvia”, já que o Brasil não poderia ceder ao que considerou “um movimento sem precedentes de um presidente americano de usar tarifas para abertamente interferir em assuntos políticos”.

Segundo Shannon, que também é ex-subsecretário de Estado para o Hemisfério Ocidental, a situação agora “é muito ruim” e o interesse de Trump é “100% em Bolsonaro”. “Brasil está pronto para negociar, mas não existe nenhum interlocutor com quem o país possa ter conversas significativas agora. Trump crê que conseguirá forçar o Brasil a recuar no caso Bolsonaro. Não irá conseguir atingir seu objetivo mas até se convencer disso, a grande perdedora será a relação bilateral”, diz Shannon.

Em um artigo de opinião publicado há dois dias, a revista britânica The Economist afirmou que, “desde o fim da Guerra Fria”, os EUA “raramente” interferiram “tão profundamente” em um país latino-americano como Trump tem tentado fazer com a taxa de 50% direcionada ao Brasil por motivos políticos. A publicação porém destaca que, em vez de fortalecer a direita para a disputa eleitoral de 2026, a medida da Casa Branca até agora fortaleceu a posição de Lula, que deve disputar a reeleição.

Por UOL, coluna da Mariana Sanches