Ágil para convocar nesta sexta (18) sessão da 1ª Turma do Supremo Tribunal Federal (STF), que referendou a tornozeleira eletrônica imposta ao ex-presidente Jair Bolsonaro, o ministro Cristiano Zanin, que preside o colegiado, defendeu que o Estado não poderia obrigar Lula, condenado por corrupção e lavagem de dinheiro, a usar o aparelho. Em 2019, ainda advogado do petista, Zanin declarou à Folha: “Na minha visão, Lula tem o direito de recusar a usar tornozeleira”.
Coisa indigna
Zanin chegou a dizer que Lula considerava a tornozeleira “negativa para a dignidade” e, portanto, não poderia ser obrigado a usar.
Antes era humilhação
Como advogado de Lula, Zanin dizia que o uso da tornozeleira era uma tentativa dos procuradores de “impor uma nova humilhação” ao petista.
Vapt-vupt
Na 1ª Turma, o agora ministro Zanin se apressou para votar apoiando a medida contra Bolsonaro. Precisou de pouco tempo até registrar o voto.
Descondenado
No caso de Bolsonaro, o processo mira seu filho Eduardo. Com Lula, o condenado, foi o petista, em processo que o STF depois jogou no lixo.
As tempestades “Nor’easters”— chuvas destrutivas e frequentemente mortais que atingem a Costa Leste dos EUA — estão sendo potencializadas pelos efeitos da poluição climática, segundo um novo estudo.
O fenômeno, que normalmente se forma entre setembro e abril, é alimentado pelo contraste de temperatura entre o ar frio do Ártico, vindo do norte, e o ar mais quente e úmido, vindo do Oceano Atlântico.
Elas representam uma enorme ameaça para as cidades densamente povoadas da Costa Leste americana.
A “Tempestade do Século”, em março de 1993, foi uma das mais mortais e custosas já registradas. Ela trouxe ventos de mais de 160 km/h, despejou quase 152 cm de neve em alguns pontos e matou mais de 200 pessoas.
O “Snowmageddon” de 2010 derramou mais de 50 centímetros de neve em partes da Pensilvânia, Maryland, Virgínia e Virgínia Ocidental, matando 41 pessoas e deixando milhares sem energia elétrica.
Michael Mann, cientista climático da Universidade da Pensilvânia e um dos autores do estudo, ficou preso em um quarto de hotel na Filadélfia por três dias durante o Snowmageddon. Foi essa experiência que despertou sua curiosidade sobre como essas tempestades poderiam ser afetadas pelo aquecimento global.
Quinze anos depois, ele acredita ter algumas respostas.
Potencial destrutivo das tempestades aumentou em 6%, dizem cientistas
Há um consenso geral de que haverá menos tempestades Nor’easters em um mundo mais quente, porque o Ártico está esquentando mais rápido do que o resto do Hemisfério Norte, o que significa que há menos contraste de temperatura.
Mas o que não está claro é o que acontecerá com a intensidade dessas chuvas, que tendem a ser pouco estudadas, disse Mann.
Para responder a essa pergunta, os cientistas usaram dados históricos e um algoritmo de rastreamento de ciclones para analisar tempestades Nor’easters entre 1940 e 2025, compilando um atlas digital dessas tempestades.
Eles analisaram 900 no total e descobriram que a velocidade máxima do vento das tempestades nor’easters mais intensas aumentou cerca de 6% desde 1940, de acordo com o estudo publicado na segunda-feira (14) na revista Proceedings of the National Academy of Sciences.
O dado pode parecer pequeno, mas aumenta enormemente os danos que uma tempestade pode causar.
Um aumento de 6% na velocidade do vento equivale a um aumento de 20% no potencial destrutivo da tempestade, disse Mann. “Isso é substancial.”
As taxas de chuva e neve despejadas por essas tempestades também aumentaram em cerca de 10%, de acordo com a análise.
A razão pela qual as tempestades Nor’easters estão se intensificando é “física básica”, disse Mann. Oceanos e ar mais quentes significam mais evaporação e mais umidade na atmosfera, que é expelida na forma de chuva ou neve mais intensas.
O nível de danos que essas tempestades podem causar torna vital entender melhor como elas mudarão em um mundo mais quente, acrescentou Mann.
A tempestade “Quarta-feira de Cinzas” em 1962, por exemplo, causou enorme devastação ao longo da Costa Leste, causando uma perda econômica total equivalente a dezenas de bilhões de dólares em valores atuais. Causou “tantos danos quanto um grande furacão”, disse ele.
Nordeste dos EUA precisa se preparar
Os resultados também sugerem que o risco de inundações em muitas cidades da Costa Leste pode estar subestimado, observou o estudo. “As inundações do nordeste têm sido negligenciadas, e essa é mais uma contribuição para o aumento do risco costeiro na qual não temos nos concentrado o suficiente”, acrescentou Mann.
Jennifer Francis, cientista sênior do Centro de Pesquisa Climática Woodwell, que não participou do estudo, disse que as descobertas destacam a necessidade de maior preparação.
“Comunidades costeiras no Nordeste, onde ocorrem as tempestades nor’easters, devem ficar atentas. A preparação proativa é menos custosa do que a recuperação pós-tempestade”, disse Francis à CNN.
As descobertas também são importantes porque fornecem novos conhecimento sobre as diferentes formas como a crise climática se manifesta, disse Judah Cohen, climatologista do MIT que também não participou do estudo.
Os efeitos “podem ser contraintuitivos, incluindo a ideia de que as mudanças climáticas podem resultar em aumentos de invernos rigorosos”, disse Cohen à CNN.
Mesmo com o aquecimento global e a redução da temporada de neve em muitas partes dos EUA, ainda haverá períodos de nevascas intensas e frio intenso, disse Mann. “Eventos individuais podem ter um impacto maior.”