Publicação é deste domingo (7), mesmo dia em que o presidente da Câmara participou das celebrações da independência do Brasil ao lado do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Hugo Motta faz publicação sobre o 7 de Setembro — Foto: Reprodução/Instagram
O presidente da Câmara, Hugo Motta, publicou neste domingo (7) em suas redes sociais um vídeo defendendo o equilíbrio e a pacificação do país. A publicação faz referência ao 7 de Setembro.
“Todo mundo conhece o grito que marcou a nossa história. Mas, hoje, num Brasil tão dividido, qual é o verdadeiro grito de independência que a gente precisa dar? A verdadeira independência é ter equilíbrio”, afirmou Motta.
Segundo Motta, o equilíbrio é necessário para abraçar as boas ideias, independentemente de onde elas vierem: esquerda, direita ou centro. Ele ainda ressaltou o momento polarizado em que o país vive (leia mais abaixo).
“Em um país que mais parece um campo de batalha, ter independência é escolher não lutar uma guerra de narrativas, mas sim trabalhar para entregar o resultado”, completou o presidente da Câmara.
Hugo Motta também ressaltou a importância da independência do Brasil no contexto dos projetos que estão sendo discutidos e foram aprovados pela Câmara.
A publicação foi feita neste domingo, mesmo dia em que Motta participou das celebrações da independência do Brasil ao lado do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na Esplanada dos Ministérios.
Na presença de Motta, parte do público gritou “sem anistia”, em referência à proposta que está sendo costurada no Congresso para anistiar envolvidos na tentativa de golpe de Estado em 8 de janeiro de 2023.
Pressão por anistia
Motta tem sofrido fortes pressões da oposição para pautar a proposta. A anistia é a principal bandeira dos oposicionistas e um tema dominante na Câmara e no Senado neste segundo semestre.
A ideia da oposição é livrar das penas não só as pessoas comuns envolvidas nos atos golpistas que culminaram dos ataques de 8 de janeiro, mas também os políticos envolvidos em investigações — como o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
A discussão ganhou força nos últimos dias com o julgamento da Trama Golpista na Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF), em que Bolsonaro e ex-assessores e militares são réus por golpe de Estado.
Bolsonaro está em prisão domiciliar desde 4 de agosto por violar medidas restritivas impostas anteriormente. Se for condenado, pode pegar até 43 anos de prisão. Ele também está inelegível, porque foi condenado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) por abuso de poder político.
O PL, partido de Bolsonaro, é o principal interessado, e o Centrão também está endossando a medida de anistia. A aliança formada por União Brasil e PP, que tem maior bancada na Câmara, anunciou o desembarque do governo Lula recentemente para aderir à campanha da anistia.
O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, que é do Republicanos, esteve em Brasília para tentar convencer Motta a colocar o tema em votação.
Não se sabe ainda qual texto seria votado. Um dos pontos em discussão é o alcance da possível anistia: se ela valeria apenas para quem já foi condenado pelos ataques golpistas de 8 de janeiro de 2023 ou se alcançaria também o ex-presidente e seus aliados que estão sendo julgados no STF.
O presidente Lula e o presidente da Câmara, Hugo Motta, participam do desfile do 7 de Setembro em Brasília — Foto: Adriano Machado/Reuters
Evento começou por volta das 9h, na Esplanada, em Brasília. Na presença do presidente da Câmara, parte do público gritou ‘sem anistia’, em referência a projeto que está sendo costurado no Congresso.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) participou na manhã deste domingo (7) do desfile de 7 de Setembro na Esplanada dos Ministérios, em Brasília. Lula chegou por volta das 9h04 ao local e desfilou em carro aberto ao lado da primeira-dama, Janja da Silva.
A cerimônia contou com a presença dos chefes das Forças Armadas, do vice-presidente, Geraldo Alckmin, do presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), e de ministros do governo, entre eles Rui Costa (Casa Civil), Ricardo Lewandowski (Justiça), Simone Tebet (Planejamento) e Marina Silva (Meio Ambiente).
Ministro com boné ‘Brasil Soberano’
O ministro do Turismo, Celso Sabino (União-PA), também esteve presente na ocasião, e chegou a colocar o boné “Brasil Soberano” entregue pelo governo no evento. O ministro é do partido União Brasil, que desembarcou do governo na semana passada.
Sabino tem feito um esforço nos bastidores para tentar se manter no cargo por mais tempo. Ele está sendo pressionado pela cúpula do União Brasil a deixar o ministério depois que o partido antecipou a discussão para o desembarque do governo.
O ministro do Esporte, André Fufuca (PP-MA), também participou da cerimônia. Ele é outro ministro que integra partido que decidiu deixar a base do governo.
O presidente Lula e o presidente da Câmara, Hugo Motta, participam do desfile do 7 de Setembro em Brasília — Foto: Adriano Machado/Reuters
Lula desfila em carro aberto ao lado da primeira-dama, Janja da Silva. — Foto: Ricardo Stuckert/ Presidência da República
Manifestações revelam embate entre visões opostas sobre democracia e rumos do país
O 7 de Setembro foi marcado por manifestações em diversas capitais do país, com grupos da direita e da esquerda ocupando espaços públicos para defender pautas opostas.
Enquanto apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) pediram anistia e atacaram o Supremo Tribunal Federal (STF), movimentos sociais e parlamentares da esquerda reforçaram bandeiras como justiça social, soberania nacional e enfrentamento à desigualdade.
Em Brasília, o ato bolsonarista reuniu parlamentares como Jaime Bagattoli (PL-RO), Zé Trovão (PL-SC), Mario Frias (PL-SP), Alberto Fraga (PL-DF), Damares Alves (Republicanos-DF) e Bia Kicis (PL-DF). Os discursos foram marcados por críticas ao STF e ao julgamento da chamada “trama golpista”, que apura a tentativa de Bolsonaro e aliados de reverter o resultado das eleições de 2022.
“Bolsonaro não cometeu nenhum crime. Eleição sem Bolsonaro é golpe”, disse Mario Frias. Bia Kicis afirmou: “Somos a voz do Bolsonaro. Somos o exército da liberdade e justiça”. Um áudio breve de Michelle Bolsonaro foi tocado no carro de som, e os presentes denunciaram o que chamam de perseguição política.
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No Rio de Janeiro, a manifestação se concentrou na orla de Copacabana, com bandeiras do Brasil e dos Estados Unidos. Participaram do ato o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), o deputado Sóstenes Cavalcante (PL-RJ) e o governador Cláudio Castro (PL-RJ). Flávio afirmou que o evento é uma resposta política ao julgamento em curso no Supremo.
Em São Paulo, apoiadores de Bolsonaro se reuniram na Avenida Paulista, reforçando críticas ao Judiciário e pedindo liberdade para os condenados pelos ataques às sedes dos Três Poderes.
Do outro lado, movimentos sociais, sindicatos e partidos de esquerda promoveram atos em defesa da soberania nacional, justiça social e taxação dos super-ricos. Em Brasília, o Grito dos Excluídos reuniu manifestantes entre o Setor Bancário Sul e a plataforma superior da Rodoviária, com concentração na Praça Zumbi dos Palmares, no Conic. O tema deste ano foi “Vida em Primeiro Lugar”.
As pautas incluíram a regulamentação da jornada 6×1, a realização de um plebiscito popular e demandas por mais atenção a idosos, mulheres, negros e pessoas em situação de rua.
O ato também contou com atividades culturais, como música ao vivo, poesia, rodas de capoeira e teatro. Martinha do Coco, um dos principais nomes do carnaval de Brasília, era esperada no evento.
A organização aguardava a presença do ministro Márcio Macêdo (Secretaria-Geral da Presidência), da deputada federal Erika Kokay (PT-DF) e dos deputados distritais Fábio Félix (PSOL) e Gabriel Magno (PT).
O deputado Glauber Braga (PSOL-RJ), que enfrenta um pedido de cassação e fez greve de fome contra a decisão, participou com o filho no colo. Sua esposa, a deputada Samia Bonfim (PSOL-SP), esteve no ato em São Paulo.
“Quem tem a capacidade de definir o rumo do nosso país são aqueles e aquelas que escolhem as ruas como instrumento principal de luta”, afirmou Glauber.
Na capital paulista, o ato ocorreu na Praça da República, com o lema “Quem manda no Brasil é o povo brasileiro”. As lideranças presentes denunciaram medidas recentes do governo dos Estados Unidos — sob Donald Trump — como sanções de visto e tarifas comerciais, que, segundo os organizadores, têm relação com o julgamento de Bolsonaro.
Outro núcleo do Grito dos Excluídos se reuniu na Praça da Sé, com foco na população em situação de rua. Os manifestantes distribuíram café da manhã e denunciaram a fome, a violência policial, o racismo estrutural e as desigualdades econômicas.
O evento foi marcado por faixas e cartazes com mensagens como “Todas as formas de vida importam, mas quem se importa?” e “Liberdade religiosa”.
Entre os presentes estavam Guilherme Boulos (PSOL-SP), Luiz Marinho (PT-SP) e outras lideranças de centrais sindicais. As pautas incluíram a isenção do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil e a redução da jornada de trabalho sem corte salarial.
Imóvel está localizado na Praça do Estudante, na Cidade Alta, e pertence à Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN)
Famílias sem-teto ocuparam, na madrugada deste domingo 7, mais um prédio abandonado no Centro de Natal. O imóvel fica na Praça do Estudante, na Cidade Alta, e pertence à Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN). O local abrigou a Secretaria Municipal de Tributação até 2015 e, desde então, está sem uso.
A ocupação foi organizada pelo Movimento de Luta nos Bairros, Vilas e Favelas (MLB), como parte de uma jornada nacional de ocupações em dezenas de cidades brasileiras no Dia da Independência (7 de Setembro).
Local abrigou a Secretaria Municipal de Tributação até 2015 e, desde então, está sem uso – Foto: Eduarda Catunda / MLB
Segundo o movimento, a escolha da data, feriado da Independência do Brasil, teve como objetivo questionar a realidade do país. “Que independência é essa, se nosso povo ainda vive em insegurança alimentar e milhões de famílias não têm casa própria?”, declarou o MLB em nota.
De acordo com a entidade, o déficit habitacional em Natal chega a quase 50 mil famílias, que vivem de aluguel, de favor em casas de parentes ou em situação de rua.
Ocupação foi organizada pelo Movimento de Luta nos Bairros, Vilas e Favelas (MLB) – Foto: Eduarda Catunda / MLB
O grupo também relacionou a ação à solidariedade internacional. Ao nomear o espaço como “Ocupação Palestina Livre”, o MLB afirmou que busca reafirmar a luta do movimento com a luta dos povos do mundo por justiça social e soberania. Em nota, o movimento disse que “o povo palestino tem sofrido um genocídio diante dos olhos de toda humanidade, pela extrema direita fascista de Israel e pelo imperialismo dos Estados Unidos”.
Depois da passagem das escolas no Desfile de 7 de Setembro, na Praça Cívica, foi a vez da passagem das Forças Armadas e Forças de Segurança. Ao todo, são 2,5 mil integrantes. O evento, que é acompanhado por autoridades políticas como o prefeito de Natal, Paulinho Freire, e da governadora Fátima Bezerra, começou às 9h, trazendo uma novidade que representa um passo importante para a representatividade feminina nas Forças Armadas.
O pelotão de Fuzileiros Navais levou para o evento, pela primeira vez, cinco mulheres dentre os combatentes anfíbios. Nicolly Araujo de Carvalho, Ana Carolyna Pôncio de Souza, Lorena Pacifico da Silva, Maria Luiza dos Santos Lima e Gabrielly Barbosa Mendes da Silva participaram do momento histórico. Segundo a Marinha, o acontecimento marca mais um passo significativo em relação à integração feminina nas forças militares.
O público respondeu com elogios. “O desfile das mulheres deixou tudo ainda mais bonito. É a primeira vez que venho para o 7 de Setembro. Sou de Ceará-Mirim, estou com meu filho e meu esposo, então, estou aproveitando para acompanhá-los, ver o desfile e prestigiar as mulheres”, descreveu a auxiliar de serviços gerais Cleubia Felipe, de 47 anos.
A pasteleira Ediana Pedro, de 52 anos, celebrou a passagem das mulheres fuzileiros pela avenida. “A participação delas já deveria ter acontecido. Isso é muito importante para que todas nós tenhamos mais oportunidade e para que haja igualdade com os homens”, disse Ediana, que foi ao cortejo acompanhar também o filho, que desfilou pela Marinha.
Em 2024, a primeira turma com mulheres soldados Fuzileiros Navais iniciou formação, marcando um momento histórico para as Forças Armadas brasileiras. A presença feminina reafirma o compromisso da Marinha em promover a incorporação das mulheres em suas fileiras, consolidando a igualdade de oportunidades na Força Naval.
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Cerca de 5 mil pessoas estão envolvidas no evento deste domingo (7), dos quais 2,5 mil são das Forças Armadas e Forças de Segurança, 800 integrantes são de instituições civis e mais de 1,7 mil estudantes são alunos de escolas municipais, estaduais e privadas. Além das unidades de ensino, já passaram pela avenida integrantes da Marinha, Aeronáutica, Exército e Polícia Militar.
Confira os registros do fotógrafo Magnus Nascimento: