Bolsonaro diz sentir que vai ser preso até mês que vem: ‘Estou no cadafalso’

Movimentação da PF em frente à casa de Jair Bolsonaro nesta sexta-feira 18. Foto: Reprodução/TV Globo

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) afirmou nessa sexta-feira sentir que vai ser preso até o mês que vem, no âmbito do julgamento que enfrenta no Supremo Tribunal Federal (STF) sobre a tentativa de golpe de Estado. A declaração foi dada à agência Reuters.

“O sentimento é que (prisão) vai acontecer, até o mês que vem, que é o julgamento. Nunca se viu um processo tão rápido como o meu”, disse ele ao ser perguntado sobre se acha que vai ser preso. “Eu estou no cadafalso. Na hora que o soberano Alexandre de Moraes achar que tem que chutar o banquinho, ele chuta”.

O ex-presidente se emocionou durante a entrevista ao falar do filho Eduardo, que se licenciou do mandato de deputado federal e está nos Estados Unidos trabalhando punições a empresas brasileiras por causa do processo do pai.

Bolsonaro disse que, entre todas as medidas cautelares, a mais dura é a de não poder mais conversar com o filho — com quem afirmou se falar “dia sim, dia não” — e afirmou acreditar que o deputado não volta mais ao Brasil.

“Acredito que ele não voltará. Se voltar, vai ser preso. O Eduardo é um garoto inteligente, fala inglês muito bem, fala espanhol, domina o árabe. Tem bom relacionamento com o governo Trump. Eu acredito que ele vá buscar uma alternativa de se tornar um cidadão americano e não volte mais para cá. Enquanto o Alexandre de Moraes tiver o poder de prender quem ele bem entender”, afirmou.

Mais cedo, na chegada ao estacionamento do diretório do Partido Liberal, onde Bolsonaro se dirigiu após passagem na Secretaria de Estado de Administração Penitenciária para a instalação da tornozeleira, ele tinha dito que Eduardo pode concorrer ao Senado via procuração.

“A suspeita é um exagero. Sou ex-presidente da República, tenho 70 anos de idade. Suprema humilhação. É a quarta busca e apreensão em cima de mim”, afirmou. “O inquérito do golpe é um inquérito político. Nada de concreto existe ali.”

O ex-presidente ainda afirmou que não tentou fugir. “Sair do Brasil é a coisa mais fácil que tem. Não conversei com ninguém [sobre deixar o país]”.

O deputado federal Eduardo Bolsonaro disse que Alexandre de Moraes está se afirmando como ditador, após seu pai, Jair Bolsonaro, ser alvo de buscas realizadas pela Polícia Federal nesta sexta-feira 18.

Ele também pede que os “Estados Unidos, o país da liberdade e lar dos corajosos, mandem uma resposta” para o Brasil. “Para não deixar que o modelo de censura brasileira seja exportado para outros países.”

As falas foram dadas em inglês no programa WarRoom do ex-estrategista de Donald Trump e um dos principais expoentes da extrema direita, Steve Bannon.

Jair está proibido de acessar redes sociais e de falar com Eduardo, que está nos EUA. Isso, para Eduardo, é o “Brasil estabelecendo um novo modelo de censura.”

“Se Moraes vencer essa guerra —o que eu não acho que vai acontecer—, será um estrago para o Brasil e para o Ocidente”, afirmou.

Eduardo afirmou que Jair “cumpriu todas as ordem de Moraes, mesmo considerando que todas elas eram ilegais”. Ele considera, assim como o pai, o pedido de busca uma “humilhação” e que Moraes está “dobrando a aposta” após a taxação dos EUA.

O deputado federal Sargento Gonçalves (PL-RN) acusou o STF de ser um “escritório de advocacia da extrema esquerda” e afirmou que “não há mais democracia no Brasil”.

Chamando Alexandre de Moraes de “ditador de plantão”, Gonçalves disse que o ministro age de forma “covarde” e “arbitrária” ao determinar medidas como o uso de tornozeleira eletrônica por Bolsonaro.
O parlamentar classificou as ações do STF como parte de um “regime ditatorial” já instalado no Brasil e acusou Moraes de violar direitos e liberdades individuais por interesse político.

“Todos sabem a ânsia que esse sistema corrupto tem de matar o presidente Bolsonaro. Eles não querem prender não, eles querem matar o presidente. Mas como eu disse, não matam a ideia. A ideia está plantada no coração do povo brasileiro”, afirmou Gonçalves.

Sargento Gonçalves também direcionou críticas ao presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), a quem acusou de “covardia” por não pautar pedidos de impeachment contra Alexandre de Moraes. “Deus não te colocou nessa cadeira para ser covarde. Não permita que esse ministro roube a liberdade do povo brasileiro”, cobrou.

O deputado fez apelos ao Congresso e à população para que se mobilizem contra o que chama de “usurpação dos Poderes” por parte do Supremo. “O STF rasga decisões do Congresso com uma canetada. Isso é inadmissível. Não podemos aceitar como normal um ministro derrubar sozinho a decisão de 513 deputados e 81 senadores”, disse.

Em tom alarmista, Gonçalves sugeriu que o Brasil caminha para se transformar em uma nova Venezuela e disse que “não irá se calar nem se render”. Ele convocou a população a “não se acovardar” e “ir às ruas, pacificamente”, para defender a Constituição e a liberdade.

“Ninguém nasceu de seis meses para ter medo de ministro do STF não. Não iremos nos acovardar. Podem fazer o que for. Igualmente tem outros milhares, milhões de brasileiros dispostos a denunciar, a enfrentar, a cobrar a nossa liberdade, democracia, estado democrático de direito, a Constituição de 1988”, destacou.

Lula: ‘Não vou entregar esse país de volta àquele bando de malucos’

Durante um evento em Missão Velha, no interior do Ceará, o presidente Lula (PT) disse nesta sexta-feira 18 que deverá ser candidato à reeleição em 2026 para impedir a volta ao poder do que ele chamou de “bando de malucos”, em referência ao grupo político do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

“Não vou entregar esse país de volta àquele bando de malucos que quase destroem esse país nos últimos anos. Eles não voltarão, podem estar certos disso”, afirmou. “Não voltarão não é porque Lula não quer, é porque vocês não vão deixar eles voltarem.”

“Se tiver com a saúde que estou hoje, com a disposição que estou hoje, podem ter certeza que serei candidato outra vez para ganhar eleições nesse país”, acrescentou Lula.

Lula visitou um trecho já finalizado da ferrovia Transnordestina. Segundo o Governo Federal, a ferrovia deve começar a operar no final de 2025, entre o Piauí, o Centro-Sul do Ceará e regiões de Pernambuco. Soja, farelo de soja, milho e calcário serão transportados.

O presidente também afirmou que decidirá se será candidato à reeleição apenas no próximo ano. “Só vou decidir se vou ser candidato no ano que vem, porque tenho que conversar com minha própria consciência e conversar com vocês.”

A fala de Lula sobre as eleições de 2026 acontece um dia após a pesquisa Genial/Quaest mostrar que, em simulações de segundo turno da eleição de 2026, ele lidera diante de todos os concorrentes e mantém um empate técnico somente com o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos) —41% a 37% a favor do petista. O empate entre eles se dá no limite máximo da margem de erro da pesquisa, que é de dois pontos percentuais, para mais ou para menos.

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